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Pizza na sindicância

Duvido que passasse despercebido, pelo governador Maranhão, a nomeação de alguém com o sobrenome Veiga (que não é muito comum), ou Suassuna, ou Benevides, mesmo que fosse uma tremenda armação de um infiltrado ou uma distração imperdoável de um lesado qualquer. Maranhão no mínimo perguntaria se os contemplados teriam algum parentesco com outros Veigas, Suassunas ou Benevides. Óbvio, não? No lugar dele, eu também iria querer saber detalhes desses misteriosos encaminhamentos de nomeação.

Então não me venham com conversinha pra boi dormir. Admiro Marcelo Weick como advogado. É um profissional brilhante, obstinado, indiscutivelmente competente. Mas como integrante da equipe do governador tem dados alguns escorregões. Justificou a vassourada governamental nas gratificações com uma inacreditável declaração de que eram valores milionários. E depois classificou como “uma armação” a curiosa nomeação do filho do juiz Nadir Valengo, que atuou no TRE na cassação do governador Cássio.

Se ele tivesse dito que foi uma distração de algum assessor, até que soaria menos falso. Mas uma armação requer investigação. Aliás, ele prometeu investigar pra saber quem foi o engraçadinho que quis agradar ao juiz que colaborou para colocar Maranhão no poder. Até agora, nada.

Depois que este portal fez um escândalo com a nomeação do filho do juiz, no dia seguinte saiu a demissão do rapaz. Mas o mal-feito já estava sem jeito. Pegou mal, muito mal a nomeação, ainda que com duração de apenas 24 horas. Pegou mal principalmente porque o filho do juiz Nadir Valengo não tem um sobrenome que passe despercebido, como Silva, Santos, Moura e tantos outros mais comuns que pudessem confundir a cabeça do antenado governador. O nome dele é Rafael Nadir Valengo.

Repetindo o sobrenome: Nadir Valengo. Dá para acreditar em armação? Ou uma distração do próprio governador, que assinou a nomeação? Teria o alemão Alzheimer feito uma visitinha a Maranhão? Não teria tido ele a curiosidade de saber de quem aquele Nadir Valengo era parente? Por que será que uma distração dessas não ocorre quando alguém ligado aos Cunha Lima porventura invista para ser nomeado ou, no mínimo, para ter sua gratificação mantida?

Prometeu, tem que cumprir. E agora a Assembléia Legislativa está cobrando o resultado da anunciada sindicância para apurar a suposta armação. Afinal, quem levou o currículo do jovem advogado Rafael ao governador? Quem o pôs na sua mesa? Quem decidiu sobre o salário que seria pago? Quem sugeriu que ele trabalhasse justamente no gabinete do governador?

Todos sabemos, inclusive os mais ferrenhos maranhistas, que não houve armação nenhuma. Foi um gesto de gratidão. Gratidão é um sentimento nobre, mas nessas circunstâncias se torna um gesto no mínimo muito suspeito.

O deputado Manoel Ludgério quer saber quem foi que armou pra cima do governador, que providências o governo tomará contra o tal engraçadinho. Preparou um requerimento com pedido de informações ao Weick. E quer explicações menos hilárias e mais convincentes.

Aliás, não são apenas os deputados da oposição que estão querendo informações. Estamos todos curiosos pra saber quem pagará o pato pela gratidão inconveniente.
 


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