O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse durante um encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em Trinidad e Tobago, que é “difícil imaginar” uma próxima Cúpula das Américas sem a presença de Cuba.
A Cúpula foi criada em 1994 e acontece a cada quatro anos. O governo cubano nunca foi convidado, por ter sido desligado da Organização dos Estados Americanos (OEA) há 47 anos.
O comentário do presidente Lula foi feito durante reunião entre os líderes da Unasul e o presidente Obama, na manhã deste sábado. O chanceler brasileiro, Celso Amorim, fez um relato do encontro a um grupo de jornalistas.
À tarde, Lula voltou a tocar no assunto, dessa vez durante seu discurso na plenária da Cúpula.
“Nosso esforço integrador nas Américas será sempre incompleto enquanto persistir em nossas reuniões a anômala exclusão de um dos países do continente, Cuba”, disse o presidente.
Ainda segundo Lula, “as relações com Cuba serão um sinal importante da disposição dos Estados Unidos em relacionar-se com a região”.
A avaliação do governo brasileiro é de que as medidas tomadas pelo presidente Obama “vão na boa direção, mas são insuficientes”.
Na última segunda-feira, a Casa Branca suspendeu as restrições de viagens de cubano-americanos à ilha, assim como as remessas de dinheiro ao país.
Equilibrado
Como o Palácio do Planalto já havia antecipado, o presidente Lula optou por um discurso “equilibrado” e “sem exageros”. Também não houve improvisos, como é costume nas falas do presidente.
Além da questão cubana, Lula ressaltou a “diversidade” na região. “É uma diversidade positiva. Não devemos temê-la”, disse.
Na linha do proposto pelo presidente Obama, Lula também sugeriu que os países da região “privilegiem o futuro”.
Segundo ele, a construção de “alternativas” para a região “não pede que esqueçamos o passado, mas ela deve privilegiar o futuro”, disse o presidente brasileiro.
“Nossos atos e gestos concretos demonstrarão que não há mais lugar em nosso continente para políticas de isolamento”, acrescentou.
A Cúpula das Américas segue até o domingo. De manhã, os chefes de Estado participam de um “retiro” em um hotel na cidade, sem a presença de ministros ou assessores. O convite partiu do primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Patrick Manning.
BBC