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Opinião: deram um sossega leão no “mito”. Nada de gritos e bravatas. Ficou mansinho, mansinho…

Foi de repente: aquela figura grotesca, cheia de bravatas, de linguajar chulo, espalhando perdigoto por todo lado ao prometer prender e arrebentar, e ameaçando as instituições democráticas, desapareceu do cenário da política nacional.

Ora quem! Ele mesmo, o presidente Jair Messias Bolsonaro, o “mito” para alguns, que chegou ao ponto de sobrevoar de helicóptero o Supremo Tribunal Federal (STF), numa clara demonstração de tentativa de intimidar a mais alta Corte de Justiça do País.
O homem sumiu. Foi rapidíssimo. Ligeiro, como coceira de mocó.

Nunca mais nem se ouviu falar daquele “Jair raiz” que gritava todo mundo, mandava jornalista se calar e se imaginava com popularidade, prestígio e poder suficientes para afrontar as instituições democráticas. O homem sumiu do mapa num piscar de olhos, dando lugar a um outro Jair: um de atitudes moderadas, manso, de fala branda, respeitoso com as instituições.

E mais: o “mito” deu lugar a um “novo” Jair; este, chegado aos conchavos com Deus e o diabo, através do famoso Centrão, numa flagrante desmoralização do seu próprio discurso de fazer uma política diferente, sem arrumadinhos, sem acordos e sem toma lá dá cá com o Congresso Nacional.

Esperado

Para quem acompanha a política mais atentamente, novidade nenhuma. Porque era natural que aquela brincadeira de ameaçar as instituições iria dar m… pro lado do “mito”.
Era só uma questão de tempo.

Sossega leão

Claro que todo mundo percebeu a mudança repentina e radical de Bolsonaro. Quem vive mais próximo dos poderes e do mundo político no mínimo suspeitava de que Jair havia sido alertado de que iria se dar muito mal com essa brincadeirinha de ameaçar as instituições e a democracia; de que, apesar de presidente, pode mas não pode tudo…

Olha o que foi

A edição mais recente da revista semanal Veja trouxe uma nota em que fica explicada a transformação do “mito” num presidente respeitoso com o Supremo, com o Congresso e se juntando com tudo aquilo que ele dizia que não prestava.

Cofiram abaixo a nota transcrita do site de Veja:

“A edição desta semana de VEJA mostra a mudança de postura de Jair Bolsonaro, que nos últimos meses tem abandonado discursos mais estrilados e passado a negociar com o Congresso Nacional e com o Supremo Tribunal Federal. Um fator até então guardado a sete chaves foi decisivo para a transformação do presidente. Auxiliares do Palácio do Planalto receberam a informação de que o deputado Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro poderiam ser alvo de uma ordem de prisão vinda do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Moraes é relator de investigações que apuram o financiamento criminoso de ataques e ameaças a autoridades, divulgação de fake news e custeio de atos considerados antidemocráticos. Por lei, deputados federais, como o caso do Zero Três, só podem ser presos em flagrante e por crimes inafiançáveis. No caso do vereador Carlos, a imunidade protege somente a manifestação de opiniões. Pelos relatos recebidos por auxiliares presidenciais, os dois possivelmente seriam enquadrados em crimes previstos na Lei de Segurança Nacional. O recado foi passado por um dos principais auxiliares de Bolsonaro diretamente ao chefe e aos filhos.

No final de setembro, novos elementos corroboraram a avaliação palaciana de que os filhos do presidente poderiam ser alvo de ordens judiciais mais drásticas. Em depoimento à Polícia Federal, o deputado Alexandre Frota (PSL-SP) forneceu números de IPs de computadores de Brasília e do Rio, ligados a Eduardo, e que teriam participado de ações de disseminação de fake news na internet. Um dos IPs está relacionado ao e-mail que o filho Zero Três registrou na Justiça Eleitoral.

Alexandre de Moraes é considerado o principal ator que levou o governo Bolsonaro a um ponto de inflexão. Ao compartilhar as descobertas da investigação sobre fake news com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele semeou a certeza no presidente de que ele também estava na linha de tiro para perder o mandato. Tramitam no TSE ações de investigação eleitoral que apuram um possível financiamento ilegal da campanha bolsonarista vitoriosa em 2018 e que têm como elemento principal as provas colhidas pelo Supremo.

O chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, agora indicado ao Tribunal de Contas da União (TCU) e tratado pelo presidente como praticamente um membro da família, também atuou diretamente para conter arroubos do vereador Carlos Bolsonaro. Partiu dele o choque de pragmatismo para o Zero Dois: “Carlos, você não está entendendo. O seu pai tem de buscar a conciliação. O que você quer? Fechar o STF? Se isso continuar, o seu pai pode ser preso”.

O fim

Resumo da ópera: quando bradou aquele “acabou, porra!”, o presidente Jair Bolsonaro estava sendo profético quanto ao fim do “mito”…

 

Wellington Farias

PB Agora

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