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Opinião: acerca de suplementação de orçamento, e da instabilidade que ameaça uma categoria

Considerando a pequenez e o mimimi com que determinados assuntos são tratados nesta Paraíba, um aviso aos navegantes: a minha feira e meu modesto padrão de vida são bancados pelo meu, não menos modesto, salário de servidor público concursado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Portanto, não dependo e nem tenho parceria com as Secons da vida, com os Governos ou a Prefeitura de João Pessoa. Mas se quisesse tê-los, os teria, porque tanto de lá quanto de cá, convites e generosos afagos nunca me faltaram.

Dito isto, vamos ao que interessa:

Nos últimos dias, tem sido feita uma tremenda tempestade em copo d’água sobre uma tal suplementação orçamentária para a Secom do Estado, de R$ 7,5 milhões. As notícias a respeito são muito controversas e algumas dizem que esta suplementação seria para possibilitar que se intensifiquem as campanhas publicitárias oficiais, necessárias à orientação da população sobre como enfrentar melhor a pandemia.

Outras, eivadas de notória má fé, quando não por interesses contrariados, levantam suspeitas em detrimento de fatos.

Verdade ou não, tenho uma opinião pessoal sobre esse assunto: R$ 7,5 milhões são poucos, deveriam ser R$ 15 milhões. Em tempo: o problema não está apenas em valores, mas em como eles serão investidos, e, aí, é outra questão.

A minha modesta opinião sobre este assunto se fundamenta em dois pontos:

Primeiro, o momento delicadíssimo porque passam a Paraíba, o Brasil e o mundo com uma pandemia de tamanha envergadura, que todos os prognósticos de historiadores e sociólogos são de que a humanidade não será a mesma depois desta tempestade. Portanto, talvez em nenhum outro momento, os governos daqui, dali e de alhures precisaram, verdadeiramente, de grandes investimentos em todas as áreas da saúde pública, como também da comunicação, instrumentos imprescindíveis para orientar e cuidar do povo sobre os mais variados aspectos desta pandemia.

Segundo. Puxando a brasa para a minha sardinha, admito, o grave momento de instabilidade porque passa o mundo da comunicação que, em casos de guerra, surtos, epidemias e pandemias, exerce um papel de suma importância, assim como os agentes de saúde, etc.

Como se não bastassem os riscos a que estão submetidos, os jornalistas em geral, que integram a linha de frente do combate à pandemia, estão sujeitos a perderem seus empregos, se tais investimentos não forem injetados nas empresas de comunicação. Não a título de esmola ou tábua de salvação, como as que sempre se atira, por exemplo, aos banqueiros e aos clubes de futebol, quando seus empreendimentos, inexplicavelmente, dão sinais de pouco lucro…

Crise

Particularmente na Paraíba, como se não bastasse a pandemia, agora mesmo assistimos o lamentável fechamento de um dos veículos de comunicação mais relevantes do Nordeste, o Jornal Correio da Paraíba, do Sistema Correio de Comunicação. Um fato que, de imediato, gerou a demissão sumária de, pelo menos, umas 190 pessoas.

No lixo

Investir em comunicação em momento tão crucial para a sociedade, especialmente, para jornalistas e outras categorias agregadas a estas empresas, por exemplo, não é a mesma coisa do dinheiro público que geralmente se joga no lixo, quando se destina verba pública a times de futebol, que são empresas e que, neste caso, não se trata de investimento, mas de gasto inexplicável, desnecessário e sem qualquer retorno para a sociedade.

Quanto a comunicação, trata-se, de fato, de investimento, na medida em que os recursos são canalizados para os veículos a título de ressarcimento pela publicidade veiculada, conforme a lei, a Constituição e o crivo dos órgãos de fiscalização.

Em tempo: Se por ventura se faz ou já se fez a destinação de verba pública para veículos de comunicação fora dos rigores da lei, aí é outra questão que compete aos órgãos de fiscalização estar atentos.

Entidades

Nesta quarta-feira (15), a Associação Paraibana de Imprensa, o Sindicato dos Radialistas da Paraíba, a Associação de Mídia Digital (Amidi-PB), a Associação Brasileira das Agências de Publicidade e o Sindicato das Agências de Propaganda emitiram nota em que enaltecem o papel do jornalismo na luta contra o coronavirus e a sustentação de empregos na comunicação paraibana.

Eis a nota:

NOTA

NA LUTA CONTRA O CORONAVÍRUS, PAPEL DO JORNALISMO É INDISPENSÁVEL E COMUNICAÇÃO PRECISA SE MANTER DE PÉ COM EMPREGOS

O Coronavírus atingiu todos os segmentos com maior ou menor intensidade cabendo a cada um dimensionar os efeitos. Também afetada diretamente pela crise, as empresas de comunicação mantêm o papel responsável e intransferível do tratamento e veiculação das informações apuradas à sociedade.

Mas, é fundamental admitir que em tempos de crise afetando a todos, se faz urgente invocar como indispensável a manutenção dos investimentos privados e públicos na cadeia produtiva do jornalismo e da comunicação (rádios, TV’s, portais, sites, agências de publicidade, marketing digital, produtoras de áudio-visual, assessorias de imprensa, entre outros).

As ações comerciais e anúncios institucionais são a única fonte capaz de assegurar a mínima sustentabilidade desse importante sistema econômico gerador de empregos para um grande universo de profissionais que envolve repórteres, apresentadores, colunistas, produtores, editores, sonoplastas, iluminadores.

Além do mais, existem muitas famílias envolvidas e as empresas também abrigam diversos outros segmentos profissionais, que vão de recepcionista, recursos humanos, vigilantes, advogados, fonoaudiólogos, contadores, eletricistas, informática, publicitários, programadores, mídias, atendimento, vendedores, técnicos, engenheiros, para citar alguns.

A Comunicação não é uma peça isolada em si, mas parte mais visível de uma grande engrenagem presente na economia do dia dia e que merece e reivindica igual atenção a que tem sido dispensada, com justiça, às demais categorias profissionais.

As entidades, abaixo discriminadas, compromissadas com o direito à informação, consagrado na nossa Constituição Federal, com a democratização dos meios, e defensoras da importância dos veículos de comunicação como fortalecedoras da democracia na sociedade, perfilam-se também na defesa da auto sustentação dos veículos e sobrevivência dos seus agentes e trabalhadores.

Por tudo isso, consideramos indispensável a manutenção dos investimentos comerciais na mídia pelo mercado privado e organismos públicos, estes com a tarefa ainda mais coletiva de manter em evidência serviços essenciais e campanhas de conscientização.

O contrário disso significa, na prática, insensibilidade e a desidratação letal de uma estrutura composta por homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras, que – por dever de ofício e convicção cidadã – tem se arriscado e se feito parceiro indispensável na guerra contra essa terrível pandemia que ameaça saúde, empregos e renda.

Associação Paraibana de Imprensa (API)
Sindicato dos Radialistas da Paraíba
Associação de Mídia Digital (Amidi-PB)
Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap-PB)
Sindicato das Agências de Propaganda-PB (Sinapro-PB)

 

Wellington Farias

PB Agora

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