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Nós também sabemos fazer jornalismo

Resisti enquanto pude. Menos por ética e mais pela intenção de evitar falar sozinho. Mas os pedidos de demissão de Nelma Figueiredo e Maria Helena Rangel da TV O Norte me fizeram retomar o assunto. E me fizeram retornar com a certeza de que estava certo quando vi desrespeito na postura do pessoal de Pernambuco em relação ao jornalismo paraibano, quando da intervenção nos Diários Associados da Paraíba.

Não falo das demissões. Sinceramente, acho que o desligamento de funcionários de qualquer empresa privada – especialmente quando a razão é enxugamento da folha – não pode ser tema de reprovação. Quem pode, contrata. E, quem pode, demite. É selvagem, mas é a regra.

O absurdo na TV O Norte foi cometido, no entanto, antes das demissões. Aliás, do jeito que o pessoal de Pernambuco chegou, demitir era libertar.

Vamos ao caso. Dois dias depois da queda da diretoria dos Associados, chegaram os jornalistas que iriam “tocar” o negócio. Pois bem. Foi numa primeira reunião no estúdio principal – e único da heróica TV O Norte – que vi a categoria paraibana ser menosprezada.

Cerca de trinta funcionários, entre eles, Nelma, Maria Helena Rangel, Ivani Leitão, Romye Schneider, mulheres que representam a história do telejornalismo paraibano, tiveram que responder a pergunta à queima-roupa: “Quem és tu?”.

Isso mesmo. Como se fosse uma turminha do pré-escolar. Juro que não acreditei no que vi. Não tiveram o cuidado de fazer um briefing, como foi feito no Jornal O Norte, antes de conversar com a equipe e definir quem ficaria ou sairia.

Nada de respeitar a história das repórteres que participaram da fundação da TV Cabo Branco, certamente a melhor marca de televisão do Estado. Nada de saber o que elas fizeram, que prêmio já ganharam ou porque estavam ali.

A partir daí seguiram-se uma série de outros desrespeitos, como reuniões em que as pernambucanas ficavam sentadas e os paraibanos em pé. E “aulinhas” básicas de como fazer um script para quem tinha quase trinta anos de televisão.

Foi constrangedor. No primeiro momento, cheguei a ser censurado pelos colegas por pensar assim. Depois, com a seqüência dos desrespeitos, me deram razão. Razão essa que foi coroada com a saída espontânea de Nelma e Maria Helena, que deixaram a TV dizendo tudo que o estava “engasgado” desde aquela reunião.

As pernambucanas não levaram em consideração os nossos arianos suassunas nem nossos neumanes pintos. Devem ter esquecido que é um paraibano que comanda a Secretaria de Comunicação de Pernambuco. E que o próprio Chateaubriand, o pai dos Associados, nasceu na Paraíba.

Não deram a mínima para o jornalismo paraibano, porque, certamente, se acham superiores na profissão e no estado.

As minhas colegas Nelma e Maria Helena Rangel, minhas congratulações. As que ficaram, meus pêsames. De fato, deve ser muito difícil aprender a fazer jornalismo puxando o “S”.
 


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