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Imprensa aponta Rosas como um dos grandes beneficiários de propinas nas gestões RC

O desdobramento da sétima fase da Operação Calvário que culminou com a prisão de envolvidos em um escândalo de corrupção na Paraíba e mandado de prisão expedido em desfavor do ex-governador Ricardo Coutinho, do PSB, continua repercutindo na mídia nacional.

Desta vez, matéria do Jornal  Estadão, nesta quinta-feira (19), afirma que membros do chamado ‘Coletivo Girassol’ na Paraíba criaram um sistema de propinas ‘não planejadas’ para benefício próprio e que Edvaldo Rosas seria o principal beneficiário do esquema paralelo.

As informações são com base em delação de Ivan Burity.

Confira a matéria 

O atual secretário-chefe de Governo da Paraíba (gestão João Azevêdo) José Edvaldo Rosas foi apontado por delatores como um dos principais beneficiários de propinas ‘não planejadas’ durante o governo Ricardo Coutinho (2011/2018)

O ex-governador é alvo da Operação Calvário/Juízo Final, da Polícia Federal, deflagrada nesta terça, 17, para apurar corrupção na Saúde e na Educação.

O ex-governador está fora do País, ‘em viagem de férias previamente programadas’. No Instagram ele disse que vai antecipar seu retorno para colaborar com a Justiça.

A Operação Calvário/Juízo Final também fez buscas contra o atual governador, João Azevêdo, sucessor de Coutinho no Palácio Redenção.

Nesta quarta, 18, um dia após a deflagração da operação, Azevêdo exonerou Rosas do cargo de secretário-chefe do Governo.

De acordo com os investigadores, Edvaldo Rosas fazia parte do ‘Coletivo Girassol’ – que era como um grupo fechado de autoridades se autodenominava para cobrar propina de 5% a 30% de materiais para a Educação.

Edvaldo Rosas coordenou campanhas eleitorais do PSB e chegou a ser presidente da agremiação durante o período investigado.

Segundo a Operação Calvário/Juízo Final, ele fazia parte do núcleo administrativo da organização criminosa, e era responsável por arrecadar propina de empresas fornecedoras da Secretaria de Estado de Educação.

As propinas eram cobradas sempre após o pagamento da Secretaria da Educação para as empresas, destacou a Promotoria.

A aquisição de livros, ainda segundo o Ministério Público, rendia propina que poderia atingir 30%. Os demais materiais – laboratórios, kits escolares e outros – poderiam atingir 20%.

A operação foi deflagrada a partir da delação de investigados. De acordo com o delator Ivan Burity, chefe de Governo de Ricardo Coutinho, o ex-procurador-geral do Estado Gilberto Carneiro, e Edvaldo Rosas o contataram para dizer que ‘parte do valor arrecadado deveria ser revertida em benefício deles, sob o argumento da necessidade de atendimento de ‘demandas do PSB’ e ‘demandas jurídicas especiais’’.

Caso não fossem atendidos, afirmavam que pediriam a intercessão do então governador.

Burity estranhou o pedido, uma vez que as ordens de Ricardo Coutinho eram de que as propinas fossem entregues diretamente a Livânia Farias, que também foi procuradora-geral do Estado da Paraíba.

Livânia tinha a missão de arrecadar propinas para Coutinho. Em sua falta, quem fazia o serviço era o irmão do então governador, Coriolano Coutinho, o ‘Cori’.

“Acatou, entretanto, o comando de Edvaldo Rosas, até porque, como as propinas pagas pelos fornecedores da educação possuíam margens variadas, a operação proposta poderia ser implementada sem causar prejuízos à empresa criminosa ou dificultar o relacionamento de seus integrantes.”

Como as margens de propina variavam, era possível ao grupo – Ivan Burity, Gilberto Carneiro e Edvaldo Rosas – ficar com parte dos valores. O trio passou a se chamar ‘Coletivo Girassol’.

Burity contou aos investigadores que as propinas eram inicialmente pagas em João Pessoa. Contudo, quando os valores engordaram, o dinheiro passou a ser entregue em Curitiba e no Rio de Janeiro, no hall do hotel Asthoria, em Copacabana.

O Ministério Público aponta duas fornecedoras que venceram licitação do laboratório de ciência. Por causa da atuação de Edvaldo Rosas para que fosse liberado o pagamento dessas empresas, elas teriam repassado aproximadamente R$ 700 mil em propina.

Burity contou, ainda, que viajou por diversas vezes acompanhado de Jair Eder Araújo Pessoa Junior, sobrinho de Edvaldo Rosas, ‘a quem cabia distribuir o dinheiro recebido utilizando contas bancárias de parentes e aliados políticos’.

COM A PALAVRA, RICARDO COUTINHO

Em sua página no Instagram, o ex-governador da Paraíba postou.

“Fui surpreendido com decisão judicial decretando minha prisão preventiva em meio a uma acusação genérica de que eu faria parte de uma suposta organização criminosa.

Com a maior serenidade digo ao povo paraibano que contribuirei com a justiça para provar minha total inocência. Sempre estive à disposição dos órgãos de investigação e nunca criei obstáculos a qualquer tipo de apuração.

Acrescento que jamais seria possível um Estado ser governado por uma associação criminosa e ter vivenciado os investimentos e avanços nas obras e políticas sociais nunca antes registrados.
Lamento que a Paraíba esteja presenciando o seu maior período de desenvolvimento e elevação da autoestima ser totalmente criminalizado.

Estou em viagem de férias previamente programada, mas estarei antecipando meu retorno para me colocar à inteira disposição da justiça brasileira para que possa lutar e provar minha inocência.

Ricardo Vieira Coutinho”

COM A PALAVRA, O PSB

Por meio de nota, a assessoria de comunicação do PSB informou. “Em face da Operação Calvário, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, 17, no Estado da Paraíba, o Partido Socialista Brasileiro reafirma, como sempre, seu total apoio à apuração dos fatos, respeitados o devido processo legal e o amplo direito de defesa. O PSB reitera sua confiança na conduta do ex-governador Ricardo Coutinho e dos demais investigados e investigadas, na certeza de que uma apuração isenta e justa resultará no pleno esclarecimento das denúncias.”

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PB Agora com Informações do Estadão

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