Ministério Público Federal divulgou nota na qual informou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou neste sábado (20) manifestação ao Supremo Tribunal Federal para defender a continuidade do inquérito aberto para investigar o presidente Michel Temer.
A investigação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, a pedido da PGR, com base nas delações dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, e do diretor da J&F Ricardo Saud.
Temer será investigado pelos crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.
Mais cedo, neste sábado, o presidente fez um pronunciamento no Palácio do Planalto no qual disse ter pedido ao Supremo para suspender o inquérito, sob a alegação de que o áudio da conversa entre ele e Joesley Batista foi editado, o que a JBS nega.
A conversa foi gravada em março deste ano, quando o empresário encontrou o presidente no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-presidência.
Segundo Temer, trata-se de uma “interceptação clandestina” e ilícita, mas o ministro Fachin já refutou essa tese, argumentando ser legal a gravação.
Na nota divulgada neste sábado, a PGR informou que, na manifestação enviada ao STF, Janot explica que a gravação passou por avaliação técnica segundo a qual o material, em análise preliminar, é “audível, inteligível e apresenta uma sequência lógica e coerente, com características iniciais de confiabilidade”.
“Ademais, a referida gravação é harmônica e consentânea com o relato da colaboração de pelo menos quatro colaboradores, a saber Joesley Batista, Wesley Batista, Ricardo Saud e Florisvaldo Caetano de Oliveira”, diz Rodrigo Janot na peça, segundo a nota da PGR.
A delação da JBS
As delações de Joesley e Wesley Batista já foram homologadas pelo ministro Edson Fachin. O sigilo sobre o conteúdo foi retirado nesta semana e as informações foram divulgadas pelo Supremo.
Para fechar o acordo, Joesley Batista pagará multa de R$ 110 milhões, parcelada em dez anos, a partir de 2018. Pelos termos, ele não será denunciado pelo Ministério Público e o acordo perderá o efeito se o empresário mentir ou adulterar provas.
G1
Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF