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Especialistas avaliam desempenho de Bolsonaro em pesquisas após ataque

Foram divulgadas nesta segunda-feira (10/9) as duas primeiras pesquisas de intenção de voto para Presidência da República feitas após o ataque sofrido pelo candidato do PSL, Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora (MG). Os dois levantamentos — do instituto Datafolha e da BTG/FSB— mostram o deputado em primeiro lugar e revelam um crescimento em relação à pesquisa anterior. Cabe destacar que estes também foram os primeiros levantamentos após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que, mesmo condenado em segunda instância e preso, liderava as pesquisas — ter o pedido de registro de candidatura negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Para o cientista político Geraldo Tadeu, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto tem relação direta com a agressão a qual o deputado federal foi vítima na última semana. “É um efeito direto da comoção após a facada. O atentado foi na quinta-feira, e a pesquisa [BTG/FSB] foi feita sábado e domingo, pegou em cheio a repercussão do atentado, que foi muito extensa na sexta e no sábado”, explicou. “Ele vinha, na própria pesquisa, já crescendo. Mas vinha crescendo em um nível mais estável. E agora teve aumento expressivo, então essa bolha é um efeito direto do atentado”, completou. 

 

De acordo com Tadeu, nas eleições gerais de 2014, houve um fato semelhante: a morte do presidenciável Eduardo Campos (PSB), em um acidente aéreo. “Quando ele morreu, a última pesquisa apontava 8% para ele. Depois da morte, quando colocaram Marina, ela já aparece com 21%”, comentou o especialista. “Depois ela sobe até 34%, praticamente empata com Dilma Rousseff e só depois cai e é ultrapassada por Aécio Neves (PSDB). É um fenômeno semelhante. É uma bolha criada pela comoção”, afirma. Porém, segundo o cientista político é preciso frisar que Bolsonaro e Marina são candidatos com perfis diferentes. “Ela não tinha, na época, a taxa de rejeição que ele tem. Embora as pessoas possam ficar comovidas com o drama pessoal dele, provavelmente ele não vai ter a mesma amplitude de desempenho que ela teve. Mas, vamos ter que esperar as pesquisas das próximas semanas”, disse. 

 

Outro motivo que pode ser justificado pelo crescimento do deputado federal, é a queda no número de indecisos. “Houve uma diminuição na intenção de voto da Marina Silva (Rede), mas não me parece que tenha sido um movimento dos eleitores da Marina que saíram para apoiar o Bolsonaro. O perfil dos dois é diferente. Mas se você pega o número de indecisos, ele cai na mesma proporção. Então é uma relação direta”, explicou.  

 

Sobre a perda de intenção de voto da candidata da Rede, Tadeu acredita que isso é histórico. “Ela sempre parte de um patamar alto. Ela é bem conhecida, tem uma imagem boa, ficha limpa e sem escândalo. Mas falta estrutura. Ela não tem recurso para mobilizar uma campanha pesada, de fôlego para presidência. Não tem coligação, nem partido forte, pouco tempo de tevê, pouco recurso partidário e muita dificuldade”, disse. 

 

Já Creomar de Souza, cientista político e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB), pontua que o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas era esperado, mas que esse acréscimo (que no Datafolha foi de dois pontos — dentro da margem de erro) não foi maior por erros da equipe de campanha do próprio candidato. “Ninguém sabia como margear esse crescimento, porque ele era muito dependente de dois fatores. O primeiro, a repercussão dada pela mídia. O segundo, a narrativa que a campanha fosse construir do próprio evento. E, nesse sentido, a gente pode dizer que a campanha do Bolsonaro foi um tanto quanto amadora nessa construção. Faltou a montagem de uma narrativa que vinculasse o que aconteceu — o atentado por si — ao perfil do candidato, mostrando que isso [o ataque] simbolizava uma ameaça daquilo tudo que ele tenta se colocar como discurso. E isso, até o presente momento, parece que não colou”, opinou. 

 

Ainda segundo o docente da UCB, com o deputado internado e sem condições de fazer agendas de campanha, as próximas ações de seus correligionários e companheiros de chapa serão decisivas para o desempenho do candidato do PSL. “O ponto é saber em que medida a campanha do Bolsonaro tem capacidade de fazer campanha sem o Bolsonaro, que é o principal ativo”, disse. “O evento do atentado, por si, deu ao Bolsonaro um protagonismo narrativo. Não sei se eles estão prontos para fazer o gol, uma vez que a bola está com eles”, concluiu.

 

Disputa pelo segundo lugar

Creomar de Souza ainda comentou que a estratégia dos outros candidatos que aparecem empatados em segundo lugar passou a ser um grande dilema após o ataque ao deputado do PSL. “Teoricamente, eles teriam que bater no Bolsonaro”, avaliou. Na pesquisa do Datafolha, houve uma mudança na segunda colocação. Marina Silva (Rede) foi ultrapassada por Ciro Gomes (PDT). O ex-governador, agora, tem 13 pontos, enquanto a ex-senadora aparece com 11. Geraldo Alckmin (PSDB) tem 10 pontos. Provável substituto de Lula, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) aparece com 9 pontos. Os quatro estão empatados na margem de erro.

 

Redação 

 


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