O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na manhã deste sábado da posse da nova direção municipal do Partido dos Trabalhadores (PT), em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Diferente dos políticos ouvidos até agora, que têm adotado cautela em suas declarações a respeito do momento político do país, Lula usou um tom firme para praticamente lançar sua candidatura à presidência da República, através de eleições diretas.
Além de rebater as denúncias apresentadas através das delações dos executivos da JBS, o ex-presidente defendeu a realização de eleições diretas para presidente da República caso o presidente Michel Temer deixe o cargo. “O povo tem o direito de eleger um presidente da República ou uma presidenta da República livremente pelo voto direto, que pode até não dar certo, mas é da responsabilidade do povo ser responsável pelos seus dirigentes políticos. É por isso que nós temos que ter clareza que nós queremos eleições diretas, que nós queremos que o Temer saia logo, mas nós não queremos um presidente eleito indiretamente”, afirmou.
A realização de uma eleição direta, segundo especialistas, não é tão simples. A Constituição Federal prevê que em caso de uma renúncia do presidente Michel Temer haverá uma eleição indireta. Para que aconteça uma eleição direta será preciso haver uma emenda à Constituição.
Na ocasião, Lula chegou a questionar os deputados federais presentes sobre o tempo que levaria para que uma emenda constitucional de eleições diretas seja aprovada e de acordo com estes parlamentares, levaria muito tempo, pois atualmente, o Congresso ainda está bastante dividido.
Em relação a formulação de um processo de impeachment, os deputados presentes em São Bernardo do Campo esclareceram ao presidente que com a maioria dos parlamentares sendo favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, todo o processo levou oito meses. Porém, no caso de Temer, com o congresso ainda dividido, esse processo poderia levar muito mais tempo.
Ainda em São Bernardo do Campo e falando em tom de discurso, o ex-presidente petista praticamente lançou sua pré-candidatura diante da possibilidade de novas eleições. “Eu já tinha imaginado que não seria mais candidato a nada. Agora, com essa provocação, com essa quantidade de roubo (…) Isso me dá vontade de disputar eleição. A minha definição obviamente depende do meu partido político, depende de aliança política, depende da Justiça, depende do PT depende da minha saúde”, ressaltou.
PB Agora
Foto: Marcelo Brandt/G1