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Diante do caso isolado de Lucena, deputada bolsonarista pede suspensão de vacinação em crianças no País, mas MPF contesta

Diante de caso isolado em Lucena, onde 49 crianças foram vacinadas com imunizantes destinados para adulto, uma deputada bolsonarista pediu a suspensão da vacinação infantil no País até a reavaliação da segurança. O Ministério Público já respondeu a deputada, e negou o pedido.

O pedido foi feito pela deputada Carla Zambelli (PSL-PS), junto à  Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, Ministério da Saúde e ao Ministério Público Federal (MPF). Ela oficializou o pedido esta semana, e a iniciativa tem preocupado as autoridades de saúde da Paraíba e representantes do Ministério Público. A equipe técnica da Secretaria de Estado da Saúde (SES) comprovou erros na aplicação de vacinas de adultos em Lucena, na região metropolitana de João Pessoa. Na visita realizada ao município,), foi constatado que 36 crianças receberam doses vencidas. Outras 13 crianças receberam doses que estavam dentro do prazo de validade. Ao todo, 49 crianças receberam o imunizante de forma inadequada

A parlamentar é aliada e defensora das posições do presidente Jair Bolsonaro (PL), que já se manifestou reiteradas vezes contra os imunizantes disponíveis.

A motivação da parlamentar foi a imunização de pelo menos 48 crianças na cidade de Lucena, na Paraíba, com doses da vacina da Pfizer para o público adulto sem a autorização e o conhecimento de autoridades sanitárias entre 29 de dezembro e 11 de janeiro. A vacinação irregular está sendo investigado pelo MPF, que informou ser um caso isolado.

O ocorrido em Lucena, porém, não tem relação com a campanha de vacinação pediátrica oficial iniciada na última sexta-feira (14), que segue fluxo normal com doses da Pfizer específicas para o público infantil e autorizadas para uso pela Anvisa.

A deputada pediu ao governo “providências após o caso de crianças que tiveram reações adversas por receberem doses para adultos na Paraíba”. A suspensão da campanha, na avaliação dela, deve acontecer para que seja feita uma “reavaliação da segurança, uma vez que adolescentes recebem doses para adultos e a diferença de idade entre as crianças que receberam a dose adulta e os adolescentes é pouca”.

Zambelli apontou relatos de mães que, após vacinarem seus filhos, notaram reações como febre e dor no braço. Os sintomas, no entanto, são considerados normais por entidades científicas. Segundo a Anvisa, “a maioria dos efeitos colaterais que ocorrem com o uso da vacina é de natureza leve e transitória. Os eventos adversos mais comuns após a vacinação são dor no local da aplicação, fadiga, cefaleia (dor de cabeça), dor muscular, calafrios, dor nas articulações e febre”.

Para a parlamentar, é importante a “adoção de medidas seguras e eficazes no combate à pandemia”, mas, “em primeiro lugar, deve ser priorizada a plena segurança de todos aqueles que optem por receber a imunização”.

O ofício com a suspensão da vacinação pediátrica foi enviado também para a Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba e para a Secretaria de Saúde do Município de Lucena, onde a vacinação irregular de crianças foi registrada.

Ao tomarem conhecimento do ofício 06/2022, encaminhado à Anvisa, o Ministério Público Federal informou ao órgão as providências que já estão sendo tomadas e contestou a tentativa de barrar a vacinação.

Para os membros do órgão ministerial, as investigações estão sendo conduzidas com o objetivo “de apurar a responsabilidade individual da pessoa que aplicou os imunizantes, bem como a eventual responsabilidade da gestão pública” e que “a situação em tela configurou um caso isolado, não tendo sido registrado, até o momento, nenhuma outra situação semelhante em municípios paraibanos”.

“Em que pese a legítima preocupação da referida parlamentar, julgamos que tal providência não se revela razoável, nem necessária, haja vista que a vacina contra o patógeno pandêmico destinado à essa faixa etária é segura, conforme decisão fundamentada proferida pela própria ANVISA, autoridade sanitária responsável pela aprovação dos imunizantes em território nacional”, destaca trecho do ofício.

“Sopesamos que um fato isolado – o qual, repita-se, já se encontra em apuração -, concernente exclusivamente à inobservância dos protocolos de operacionalização da imunização do público infantil em uma única unidade de saúde, não pode ser utilizado como pretexto para justificar a suspensão do curso de toda uma campanha de vacinação, esta, sim, uma medida que, se efetivada, colocaria em risco todo o público-alvo, o qual, há meses, aguardam pelo aludido imunizante”, acrescenta o órgão.

PFZER

Diante do caso isolado, a Pfizer, fabricante da vacina contra Covid-19 para adultos que foi aplicada em 49 crianças na cidade de Lucena, recomendou que sejam monitorados os sinais vitais e o possível tratamento sintomático das crianças. Uma nota da fabricante foi publicada no site do Ministério Público Federal (MPF).

A aplicação das vacinas aconteceu em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), que fica na Zona Rural do município, e em uma âncora desta mesma unidade em um assentamento na cidade. As doses foram aplicadas nos dias 29 de dezembro de 2021 e 7 e 11 de janeiro de 2022, antes de iniciar o calendário de vacinação infantil com as doses pediátricas. Das 49 crianças, 36 foram vacinadas com doses vencidas.

Segundo a nota da Pfizer, além do monitoramento dos sinais vitais e tratamento sintomático, a recomendação é de que as famílias procurem o profissional ou serviço médico de referência caso haja alguma dúvida ou sintoma.

PB Agora

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