A Paraíba é um estado peculiar. Dizem os mais antigos que, em época de eleições, temos mais candidatos que eleitores. E nesses dias de busca do poder pelo poder, a verba quase sempre supera o verbo. Esfacela as boas intenções. Humilha a cidadania.
A verba compra um processo democrático fragilizado, pois temos Dias Bons e Dias Toffoli. Paraíba e Brasil se misturam. Uma é mãe Pátria, a outra e filha obediente, havendo toques e retoques de insurgência em sua “alma”.
E assim vamos caminhando e apostando as fichas em um “Roletrando” perverso que até Silvio duvida. Dúvida também para Deus, que foi impedido pelo Supremo a dar continuidade ao “Portas da Esperança”.
E vamos nós, paraibanos, caminhando, cantando e falando sobre as flores, mas também ouvindo. Sim, audição aguçada para belas promessas. Conservar os duendes que habitam o encantado Pico do Jabre é uma bem antiga.
Caminhar sobre as águas do Açude de Boqueirão continua sendo motivo de dúvidas. Mas se elegermos o candidato certo, o milagre virá. E temos, ainda, o multiplicar do peixe, pão e até vinho para a população. Mas só os residentes em municípios com mais de cinco mil habitantes conseguirão a “graça”, embora não de graça.
Agora saltemos para o período dos afagos suados, abraços forçados, risos falsos e álcool em gel para exterminar resquícios da mais nociva bactéria: a chamada pobreza, cujos postulantes “engomados” têm pavor, mas é necessário ter contato com esse micro-organismo. Faz parte do sacrifício; do gesto “penitencial” dos que buscam o “céu da trapaça”.
E vamos seguindo o périplo, ou enterro, se preferir, nessa lógica sem lógica de termos mais candidatos que eleitores. “Bicho” engenhoso que se espalha pelo vento, também conhecido como “profissional da política”. O dito é furtivo, um camaleão que se reinventa conforme as cores do local.
Animal de calda longa, é capaz de visitar uma igreja católica pela manhã, um templo da Universal à tarde e um terreiro de macumba à noite com ou sem cerimônia. Valendo aí o sentido dúbio da frase.
Ao final, importante mesmo não é a “reza”, a “oração” ou a “oferenda”. O que vale mesmo é o voto, não a “salvação”. E nessa compra e venda promíscua, surgem notas de 10, 20, 50 reais. A depender do mercado negro do sufrágio, o candidato de mais posse leva “santo” e “diabo” para o mesmo altar.
Mas amigos velhos. Irmãos camaradas… Essa é a Paraíba dos coronéis, dos perrepistas e liberais. Vez ou outra, ou outra vez a cada mil anos, a exceção quebra a regra e põe em nossas vidas um naco de esperança.
E por fim, numa terra que há mais candidatos que eleitores, podemos recorrer a Zé, nascido no simpático Brejo do Cruz. Disse ele, certa vez, que a Paraíba tem povo marcado como gado, mas é povo feliz.
É fato “seu” Zé! Numa terra em transe na qual vivem juntos deus e diabo, ambos ressequidos em esperança pelo sol da maldade, ainda assim o sorriso predomina.
Eliabe Castor
PB Agora