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Comissão da Verdade afirma que JK foi assassinado pela ditadura

 Juscelino Kubitschek foi assassinado por agentes da ditadura militar brasileira. É o que a Comissão da Verdade de São Paulo afirmou na tarde desta segunda-feira (9). Segundo o presidente da comissão Vladmir Herzog, o vereador Gilberto Natalini (PV), existem mais de 90 indícios, evidências e provas de que o ex-presidente e governador de Minas Gerais não tenha sofrido apenas um acidente de carro, em agosto de 1976.

 

Segundo Natalini, Juscelino Kubitschek foi vítima de uma conspiração dos militares. Ele pretende apresentar todos os documentos obtidos durante a investigação nesta terça-feira (10).

 

"Não existem dúvidas de que JK foi vítima de conspiração, complô e atentado político. Há provas documentais e testemunhos importantes, em mais de 29 páginas do relatório que será apresentado amanhã”, afirma Gilberto Natalini.

 

Legista

 

No dia 16 de novembro deste ano, Comissão da Verdade da Câmara de Vereadores São Paulo pediu explicações a Polícia Civil de Minas Gerais sobre o por que o crânio do motorista do ex-presidente Juscelino Kubitschek, Geraldo Ribeiro, foi esfacelado durante a exumação do seu corpo, em 1996. Na época, a comissão admitiu chamar a polícia mineira para prestar esclarecimentos depois do depoimento do perito Alberto Carlos de Minas, de 68 anos. No dia 13 de novembro, ele disse que viu o crânio ser retirado – intacto e com uma marca de tiro – de dentro do Cemitério da Saudade, em Belo Horizonte, para ser analisado no Instituto Médico Legal (IML).

 

Para o perito, o crânio foi destruído propositalmente. Alberto de Minas conta que acompanhou, a pedido da família e com autorização da polícia, a exumação que pretendia provar que Geraldo Ribeiro foi vítima de um tiro antes de se envolver no acidente em que morreu e que matou JK, em 1976. “Vi o crânio sair intacto com uma marca claramente provocada por uma arma de fogo”, afirma o perito especialista em análises de balística.

 

No entanto, pouco tempo depois, o IML informou que o crânio havia sido encontrado esfacelado e que não era possível verificar se o motorista havia sido atingido por uma bala.

 

Motorista do ônibus

 

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) recebeu, em audiência pública no dia 4 de novembro, o ex-motorista da empresa de ônibus Cometa, Josias Nunes de Oliveira, que teria sido acusado de provocar o acidente que vitimou o ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek. A reunião foi solicitada pelo deputado Durval Ângelo (PT).

 

De acordo com o ex-motorista, tanto ele quantos os 33 passageiros do ônibus que ele guiava no dia 22 de agosto de 1976, presenciaram o acidente ocorrido na Rodovia Presidente Dutra, no trecho que liga o estado de São Paulo ao Rio de Janeiro. Em seu depoimento, ele explicou que, ao ver a cena, parou para prestar socorro mas, ao verificar que havia outras pessoas no local e que os passageiros do veículo acidentado tinham morrido, seguiu viagem. No dia seguinte, ele teria sido chamado pelo setor jurídico da Cometa, quando foi arguido sobre o fato. “Depois disso, minha vida acabou. Simularam tinta no veículo em que estava o ex-presidente na lataria do ônibus e, com isso, fui indiciado pelo acidente”, disse emocionado.

 

Ainda em sua fala, Josias lembrou que foi acusado pelos colegas e acabou abandonado pela família. “Tinha 33 anos e faço 70 na próxima semana. Desde aquele momento não consegui mais emprego e me aposentei por invalidez”, relatou. Ao final, ele atestou que o delegado responsável pelo caso teria tentado convencê-lo a assumir a culpa pelo acidente e que teria recebido visita de dois homens que ofereceram mala de dinheiro para que ele dissesse que causou o desastre.

 

O presidente do Museu Casa de Juscelino, Serafim Melo Jardim, reforçou que o então motorista da Cometa nada tem a ver com o ocorrido. Segundo ele, tanto o processo quanto a perícia feita no ônibus são repletas de falhas e fraudes.

O Tempo

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