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Candidatos apresentam propostas generalistas para prioridades do eleitor

O plano de governo dos postulantes à Presidência é não somente uma obrigação, mas uma ferramenta de fiscalização das promessas de campanha, caso o candidato se eleja. Com o ônus de não terem sido cumpridas integralmente nas últimas gestões, essas plataformas ainda contam com a leitura modesta dos eleitores. Um levantamento do Grupo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), sobre comunicação eleitoral no Brasil, o qual mostra que as áreas prioritárias julgadas pelo eleitor brasileiro foram as que mais apareceram nos documentos.

 

De acordo com o estudo, que analisou os planos de governo dos 13 presidenciáveis, cerca de 75% dos eleitores acreditam que saúde é o campo que mais precisa de investimento; o assunto foi citado 377 vezes nos documentos. Em segundo lugar ficou educação, com a demanda de 47% da população, e foi mencionado 374 vezes. Segurança, por sua vez, foi o terceiro assunto mais relevante para 36% dos brasileiros. O termo apareceu 237 vezes nas plataformas. Já 30% do eleitorado acredita que emprego deve ser a quarta prioridade do próximo governo, sendo citado 169 vezes.

 

O “promessômetro” dos candidatos atinge diretamente a demanda social. Por isso, para especialistas, os planos estão mais elaborados e estratégicos nesta disputa. O cientista político e coordenador do Grupo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública da UFPR, Emerson Cervi, diz que há uma “sensibilidade” por parte dos elaboradores das plataformas de levar em consideração as demandas das ruas ou dos institutos de pesquisa. “Duas grandes estratégias ficam claras com o estudo: a de usar elementos visuais que abrem espaço para cores e formas substituindo ou reforçando o conteúdo propriamente dito; e a de optar por fazer um plano mais pessoal.”

 

Para o cientista político, nesse sentido, a análise de conteúdo estuda os textos e permite verificar a participação proporcional de cada tema. Os planos do PSDB e do PDT, por exemplo, tratam mais sobre temáticas de políticas públicas e não sobre questões gerais. “Outros planos abordam de maneira mais geral temas como infraestrutura e funcionalismo. No PT, se fala muito em desenvolvimento. Já no PSL, questões ligadas ao Brasil, à nacionalidade”, analisa Cervi.

 

Entre outros temas que são mais abordados, destaca-se a economia, a partir de segmentações como o combate ao desemprego, a retomada do crescimento, a tributação e a segurança pública. Até agora, por exemplo, somente Jair Bolsonaro, do PSL, não sugeriu a taxação de lucros e dividendos. Por outro lado, temas mais específicos acabaram sendo negligenciados ou somente citados, como é o caso do investimento em tecnologia.

 

A elaboração de um plano de governo é considerada exigência burocrática, porque se configura como um critério estipulado pela Justiça Eleitoral para validar o requerimento dos registros das candidaturas dos postulantes a chefes do Executivo. Nesse cenário, muitas plataformas não passam de protocolos e apresentam pouco detalhes. “Na prática, os planos de governo servem mais para o momento ‘pré-vitória’ do que para o governo de fato, porque é o momento no qual as candidaturas se debruçam sobre os planos alheios para ver as possíveis falhas”, afirma o cientista político Thiago Vidal, gerente de análise política da Prospectiva Consultoria.

 

No caso de Marina Silva (Rede), que foi candidata à presidência pelo PSB em 2014, o plano de governo atuou, à época, como entrave. Ela foi a única entre os principais pleiteadores ao cargo a apresentar as diretrizes com antecedência e, mais tarde, remendou o que havia prometido em relação aos direitos dos homossexuais. O recuo se deu em favor dos pastores de denominações evangélicas, grupo no qual se abriga parte considerável de seu eleitorado. Já em sua terceira disputa, diferentemente do que defendeu no último pleito, o plano de Marina propõe que, caso eleita, o casamento civil de pessoas do mesmo sexo seja “protegido por lei”.

 

“Os planos costumam ser muito genéricos, mas, neste ano, algumas candidaturas, como a de Marina e a de Alckmin, buscaram outras estratégias. Ele apresentou um plano de governo mais enxuto.” A plataforma da presidenciável tem 24 páginas, enquanto a de Alckmin, 15. Segundo Vidal, há documentos bem elaborados, mas ainda superficiais. “Deve-se apresentar para o eleitorado uma proposta que seja mais específica. As propostas econômicas se tornam ingênuas, breves, para conseguir fazer com que a frase chegue até o eleitorado”, critica.

 

 

Redação

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