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Opinião: mesmo após áudio vazado, vereadores da CMJP preferem a omissão

A cantoria é: hoje vai ter espetáculo? Tem, sim sinhô! Hoje tem goiabada? Tem, sim sinhô! O lúdico e singelo cantarejo poderia vir acompanhado de assunto ameno, talvez ligado a folguedos populares e outras manifestações culturais.  Entenderia se fosse esse o caso, mas não é!

Então, devo explicar os fatos que geraram o preâmbulo do artigo. Após ter sido divulgado pelo PB Agora, com exclusividade, áudios duvidosos envolvendo o prefeito Luciano Cartaxo, e seus auxiliares, Adalberto Fulgêncio e Diego Tavares, que tratavam de supostas movimentações financeiras ilícitas, busquei a voz lógica do Poder Legislativo municipal.

Não é novidade intergaláctica que cabe ao vereador elaborar as leis municipais e fiscalizar a atuação do Executivo, no caso, o prefeito. Pois bem, baseado nessa regra constitucional fui até a Câmara Municipal de João Pessoa a fim de ouvir as opiniões dos eleitos pelo povo.

Adentrei a sala destinada à imprensa, estando ali uns poucos colegas da própria assessoria da Casa. Em Plenário, alguns vereadores discutiam temas “insossos”. Ofegante e ávido em saber da oposição e situação suas respectivas análises sobre o vazamento do áudio, fui chamando um a um para discorrer sobre o tema.

A primeira a surgir foi a vereadora Sandra Marrocos. Muito alegre, veio em sincero sorriso cumprimentar  minha pessoa, até o momento que solicitei sua opinião sobre o áudio. Imediatamente a bocarra fechou, ao afirmar que nada tinha a ver com o caso, e sim, o prefeito Luciano Cartaxo, convidando-me a dar atenção a uma propositura sua relativa ao circo ou algo similar.

Perplexo, não busquei retrucar, embora tivesse eu pensado que o circo, como o picadeiro, já estava armado, sendo o palhaço  o povo.  Em tempo, Sandra Marrocos diz ser oposição a Cartaxo.

Na busca de uma fala basilar, busquei a figura do líder da oposição ao prefeito na Câmara, vereador Marcos Henriques. Educadamente chamei o parlamentar e esse, de pronto, veio até a mim. Formulei algumas questões sobre a problemática envolvendo Luciano Cartaxo, para ouvir a “certeza” que comentaria o caso.

Pediu que aguardasse alguns minutos para se inteirar sobre os áudios. E assim “obedeci”, na certeza do seu retorno. Passado um quarto de hora não mais vi o parlamentar em Plenário. Furtivamente saiu para não voltar.

Fui ao seu gabinete, pois não acreditei que o líder oposicionista ficaria omisso ante tão importante tema. Subiu os degraus em direção ao seu gabinete, bati na porta e, para a minha surpresa, nem os seus assessores estavam lá. Como um Mandrake atual, desapareceu da Câmara sem deixar vestígios, e pior: fugiu de uma atribuição legislativa de grande responsabilidade.

Ansioso por alguém que pudesse emitir pelo menos um “não estou ciente do caso", obtive a atenção de João Almeida, aliado do alcaide pessoense. Dele, consegui apenas uma “batidinha nas costas” e a promessa que viria comentar o assunto. Mas não veio. Pude apenas observar uma “bola de fumaça” vinda da sua capa protetora, como um ninja dos quadrinhos, para logo depois sumir em meio ao vapor escorregadio dos que nada sabem, ou não querem saber.  

Como bom brasileiro não desisti da missão. Vi Milanez Neto evitar olhar para meu "eu" enquanto ocupava a tribuna. Não ignorava minha presença, e sim, a democracia e seu papel constitucional enquanto vereador.

Cabia a ele, com líder da bancada de sustentação política do prefeito Luciano Cartaxo, emitir algum juízo de valor. Mas anos luz dessa prerrogativa, preferiu ignorar minha presença. O que foi e é lamentável.

Mas o “périplo” na sondagem fracassada dos parlamentares não findou por aí. A vereadora Raíssa Lacerda, que ano passado bradou para os quatro cantos  ter saído do “tronco”  dos Cartaxo, em  alusão ao seu suposto papel de “escrava” política do Executivo, preferiu tirar algumas "selfs" na antessala do Plenário, e limitar-se a um acanhado “tchau”, e logo após  desaparecer, como os demais colegas, tal qual Drácula foge da cruz.

Confesso que o único que interagiu comigo foi Leo Bezerra. Mesmo assim, em mensagem via WhatsApp. Disse ele, em tom ameno: “Vou esperar a deliberação do líder da oposição, vereador Marcos Henriques”. E assim foi-se a minha última chance de obter comentário daqueles que, teoricamente, legislam em benefício do povo. O resto parece ser circo sem pão para a “patuléia”.  

 

Eliabe Castor
PB Agora

 


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