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Análise: O Calvário deu um xeque e um mate para o pessoal da Recidiva. E agora?

A instabilidade política na Paraíba em nada se difere do resto do país. Fomos eu e você, leitor, testemunhas a presenciar dois ex-presidentes da República presos. Lula e Temer. Tudo numa mesma leva. Contudo, isso não é um grande museu de novidades.

E não é mesmo. Antes de Lula e Temer, três ex-presidentes chegaram a ser presos e um mandatário – Washington Luís – foi detido ainda no cargo. Outros não chegaram a ser formalmente detidos, mas tiveram seus movimentos restringidos por militares, como Café Filho (1899-1970), em 1955, e Jânio Quadros (1917-1992), em 1968.

Mas, diferentemente dos casos atuais, os motivos nestes episódios foram políticos, e não a condenação por um crime comum, como aconteceu com Lula, embora o movimento da esquerda grite que ele é um preso político, o que é permitido em um regime democrático.

Agora, vindo à Paraíba, buscando no túnel do tempo casos como o “Gulliver,  Paulo Brandão, etc e tal, observo uma série de seres antes intocáveis nas mãos, literalmente, dos procuradores de justiça, promotores, juízes e adjacentes. O Judiciário sente-se à vontade para denunciar, condenar e ser o algoz dos que descumprem a lei.

Mas isso é paridade dos poderes? Não, não é. Vejamos o mau exemplo que o presidente do STF, Dias Toffoli , tentou, sem sucesso, emplacar: uma censura contra órgãos de comunicação. E o que deu? A imagem do Judiciário saiu pelo ralo para ser posta à descarga pela maioria dos que “batem bem” da cabeça no país do “samba no pé”.

Na Paraíba o choque entre Executivo, Judiciário e Legislativo só começou. Em questões de minutos um dos homens mais ricos do país, de nome Roberto Santiago, foi preso, estando nas diversas acusações que recaem sobre sua  pessoa a compra, isso, a compra do município de Cabedelo.

Foi assim que o prefeito posto como títere de Santiago, Leto Viana,  “tomou” o trono de ferro por módicos cinco milhões. Em delação premiada ou sei lá o que é isso, o ex-gestor abriu a bocarra. Há mais de um ano sem ver a luz solar como de fato ela é, o rapaz resolveu falar.

E falou muito. Com detalhes surpreendentes e riquezas da armação, inclusive.  Em tempo, não preciso de uma bola de cristal ou baralho cigano para saber que Leto terá novas companhias em sua cela. E se não tiver, é pelo simples fato do infrator (es) não terem cursos superiores. O mesmo acontece com Roberto Santiago, que hoje goza de “boa” acomodação do Primeiro Batalhão de Polícia e, cá entre nós, ainda não entendi o motivo da sua não ida para uma “cela comum”.

Agora vamos adentrar na nave mãe da Operação Calvário. A oposição bate no ex-governador Ricardo Coutinho.  Dá golpes baixos, pois o tal “Mago” é, disparadamente, aquele que possui perfil completo para ser, novamente, prefeito de João Pessoa. Com ou sem picolé de manga dos Cartaxo.

Tenta a oposição atingir a figura de Coutinho e, por tabela, o governador João Azevêdo. Acertar na mira o atual chefe do Executivo. Articular movimentos políticos dentro da Assembleia Legislativa. Criar “bloquinhos” para cooptar o gordinho que hoje senta no trono  e governa a Paraíba sem a tosse e escarros típicos da personalidade  difícil do “Mago”.

Aqui tenho atentado aos gestores do primeiro escalão. E sigo adiante.  Fundada e findada as argumentações do Ministério Público, promotores e juízes de primeira instância, o ex-procurador-geral do Estado, Gilberto Carneiro, e o ex-secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, Waldson de Souza, foram banidos para o exílio por uma simples “sugestão”: ambos estão, de alguma maneira, ligados à OS Cruz Vermelha Brasileira, instituição envolvida em esquemas de falcatruas aqui e alhures.

E nesse ciclone, ou tempestade perfeita, como a turma da meteorologia costuma falar, veio a prisão e, em seguida, a delação premiada da ex-secretária de administração da Paraíba, Livânia Farias. Fala-se que ela resumiu: o barco não irá adernar só.

Mas é certo: o governador João Azevêdo não estará na barca dos implicados. Motivo: seu nome não consta em possíveis falcatruas. Pelo menos até agora. Já os outros são os outros, é só.

Agora, por fim, vem uma operação mais “acanhada”,  partindo do ponto de vista político, porém bem articulada e tão importante como a Xeque Mate e Calvário. Trata-se da Recidiva.

O mecanismo coercitivo barrou uma organização criminosa responsável por fraudar licitações públicas em vários municípios da Paraíba, desviando recursos públicos em favor próprio e de terceiros.

Ao todo, foram cumpridos mandados em sete residências dos investigados.  Em João Pessoa, Patos e Salgado de São Félix, bem como nas prefeituras dos municípios de Mogeiro, Emas, Patos e Bayeux. Cinco milhões em supostas fraudes estão no escopo da investigação.

Nas fraudes, são apontadas construtoras, gestores públicos e servidores. Agora, falando sério? Alguém acredita nas cartas e notas dos advogados, em latim, informando que seus clientes são vítimas.

Relembrando o bom e velho Chico Buarque, que está meio queimado na Lei Rouanet. “Dia desses chega a sua hora/Não discuta à toa não reclame/Clame, chame lá, chame, chame/chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão/ não esqueça a escova, o sabonete e o violão. Manjou?  

 

Bem atual nosso Augusto dos Anjos. Sempre ele: "Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja…."

 

Eliabe Castor
PB Agora

 


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