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Análise: Luís, Nonato, G10 e Bolsonaro não abalam gestão de João Azevêdo

A coluna anteviu que o governador João Azevêdo (PSB) não voaria em “céu de brigadeiro” no segundo semestre da sua gestão, muito em parte por razões ligadas às eleições municipais do próximo ano, readequações nos quadros do governo, estando um componente que não foi citado, por ser ele intempestivo. Falo do lamentável episódio do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e o caso “paraíbas”.

E observe, leitor, que o segundo semestre mal começou, e as pedras no meio do caminho do governador começaram a surgir de forma volumosa. Importante observar que, mesmo o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (PSB), destacando que há um processo harmônico entre a Casa de Epitácio Pessoa e o Palácio da Redenção, sinais de movimentação nas placas tectônicas dos dois poderes já foram observadas pela “geologia política”.

O próprio Galdino é um dos fatores de possível instabilidade, pois cinco siglas partidárias tentam atrair o presidente da AL para as hostes partidárias das suas agremiações, quais sejam; Avante, PCdoB, PRB, Patriota e PTB. João Azevêdo sabe a importância de manter o parlamentar na sua base, não para “regular” suas ações, mas por ser ele chefe do Legislativo e, como tal, peça importante na mediação dos interesses parlamentares com o Executivo, estando, também, na posição de pacificador.

O primeiro grande teste do segundo semestre nas relações dos poderes Executivo e Legislativo já começa a ganhar contornos paroquiais, e João Azevêdo entende essas dificuldades. Eu falo do posicionamento do G10, grupo de parlamentares governistas, mas com certa autonomia em relação ao Palácio da Redenção. Fontes ligadas ao colunista apontam que o grupo tem divergência em permanecer ou deixar a base do governo.

Os insatisfeitos apontam que o governador socialista não vem contemplando o grupo, e a tendência é reforçar a tese a fim de “colher” frutos que possam dar vigor político em suas bases eleitorais, principalmente pelo fato das eleições municipais estarem chegando.

Moderados e defensores da manutenção para continuar na base governista, os deputados Felipe Leitão, Genival Matias e Júnior Araújo, Pollyana Dutra e Nabor Vanderley buscam demover a ideia “separatista” do grupo. E João terá que retirar essa pedra já incômoda do sapato com muito diálogo e ações.

Substituição de secretários

Embora “teorias da conspiração” sejam charmosas por mexer no inconsciente coletivo do povo, havendo as mais esdrúxulas teses para determinado fato; a saída do jornalista Luís Tôrres da Secretaria de Comunicação do Estado foi pautada em critério pessoal do próprio ex-gestor. Dentro do seu círculo de amizade, confidenciava seu desejo de retornar ao jornalismo já no início deste ano.

João Azevêdo já tinha ciência sobre o caso, mas preferiu mudar as peças do seu tabuleiro após o primeiro semestre de governo, seguindo a regra da prudência. Tanto o governador como o ex-secretário já sabiam o nível de especulações negativas quando sua saída fosse anunciada.

Eles tinham conhecimento que, mais uma vez, a ala oposicionista apontaria a saída de Tôrres a novos indícios relativos a ruptura entre chefe do Executivo estadual e o ex-governador Ricardo Coutinho. Ambos escolheram a melhor hora e a forma certa na condução do desligamento, a fim de evitar comentários volumosos e infundados.

Pragmático e com senso aguçado no tocante à gestão, João Azevêdo escolheu o também jornalista Nonato Bandeira para gerir a Secom. E o governador acertou. Bandeira, que deixa a função de secretário Chefe de Governo, está perfeitamente alinhado com o atual plano de gestão socialista, tendo o respeito e a admiração do ex-governador Ricardo Coutinho, e do próprio Azevêdo, claro!

Em tempo, Nonato Bandeira é peça qualificada na pasta da Comunicação. Ele foi secretário de Ricardo Coutinho, no mesmo cargo, enquanto o ex-governador foi prefeito de João Pessoa entre 2005 e 2010.

E Edvaldo Rosas para ocupar a Secretaria de Governo? Mais uma vez João Azevêdo não se deixou abalar pelo burburinho dos que torcem contra sua gestão. Pôs na pasta alguém de confiança, bom articulador político e membro histórico do PSB paraibano. Agradou a gregos e troianos.

João e os “paraíbas”

Embora não tenha previsto um “choque” com o presidente Jair Bolsonaro no caso dos “paraíbas”, o governador do Estado vem demonstrando equilíbrio em todo o imbróglio. Na reunião do Consórcio dos Estados do Nordeste, ocorrida no dia 29 de julho, em Salvador, o socialista disse para seus colegas: “São águas passadas”.

E Azevêdo foi mais além, na manhã desta sexta-feira (02), quando esteve reunido com a bancada federal paraibana aliada à sua gestão. Ele pediu cautela e evitar embates contundentes como o presidente Bolsonaro. E, como iniciei o texto, o “céu de brigadeiro” do governador mudou para pancadas de chuvas espaças, e pode piorar para raios e trovoadas à medida que o período eleitoral se avizinha.

Entende-se que João Azevêdo é um excelente técnico e administrador. Na seara política, ele vem causando boas surpresas, contornando crises e desmantelando as “teorias da conspiração” com gestos lúcidos e apaziguadores. Mostra ser um bom “piloto”, sempre alerta à “meteorologia” advinda das demandas solicitadas pela pasta. E o voo está apenas começando.

 

Eliabe Castor
PB Agora

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