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Ameaçado de morte, youtuber diz que governo Bolsonaro é uma piada

O empresário e youtuber Felipe Neto, fenômeno do universo digital, revela que sofre frequentes ameaças de morte e vive com segurança “pesadíssima” porque tem criticado milicianos e “gente ligada a pensamentos de extrema violência”. As declarações foram feitas para a revista Veja, que publicou nesta sexta (10) entrevista com o Felipe Neto, hoje com 31 anos, 32 milhões de seguidores no Youtube, 10 milhões no Instagram e quase 9 milhões no Twitter. Felipe Neto surgiu nas redes sociais há quase dez anos, criticando ícones da cultura adolescente do momento, como Justin Bieber e os filmes da saga “Crepúsculo”, e também ganhou destaque criticando o Partido dos Trabalhadores (PT). Veja abaixo trechos da entrevista da revista Veja.

 

O senhor era crítico do PT. Agora, de Bolsonaro, virou a casaca?

 

É uma impressão errada, apesar de eu compreendê-la. Viramos um país no qual a política é um Fla-Flu. Para boa parcela, ou se está de um lado ou do outro. Só que existe uma distância enorme de um lado para o outro. Não me encaixo nos extremos. Não sou PT. Não sou PSL. Ambos representam radicalismos. Do lado de Bolsonaro, há uma visão ultraconservadora.

 

Qual a sua posição ideológica?

 

Há um descrédito das pessoas em relação a quem se mantém balanceado, no centro. Chamam de “isentão”. Tentam ver demérito nisso, o que é uma problema sério. Defendo pautas progressistas que alguns  veem como de esquerda, mas que não deveriam ser de domínio único da esquerda. Protejo liberdades individuais, o feminismo, os direitos humanos, a conservação do meio ambiente. No entanto, considero-me um liberal em economia. Mas aí vou à internet, defendendo direitos humanos, e já me chamam de comunista, o que não faz sentido. Bastaria observar os Estados Unidos. Lá a maconha é legalizada em diversos estados e é possível fazer aborto. Vão falar agora que os Estados Unidos são comunistas?

 

Por que então declarou voto em Fernando Haddad, do PT, no Twitter?

 

No primeiro turno das eleições não quis votar para presidente. Pesquisei muito, mas não encontrei alguém com quem me identificasse. No segundo turno, fiquei em dúvida até o fim, tamanha a ojeriza que tenho pelo PT. E isso mesmo com o Bolsonaro do outro lado. Só que tudo mudou no dia em que o Bolsonaro disse que ia ‘varrer do mapa os vermelhos’. Como cidadão, ainda mais sendo uma figura pública, eu não podia ser conivente com um político que ameaça violentamente a oposição. Ainda mais em um momento no qual eu era considerado oposição simplesmente por defender direitos básicos. Virou questão de posicionamento em favor da sobrevivência das pessoas, incluindo a minha e a de minha família. Não podia ser conivente com o que estava ocorrendo no país. Por esse motivo, faltando poucos dias para as eleições, eu disse que votaria em Haddad. Mesmo com o coração sangrando, era a única opção permitida pela minha consciência. Mas Bolsonaro ganhou. E estou com medo.

 

 

Medo de quê?

 

Temo pela minha segurança, sim, assim como pela de minha família. Tenho criticado milicianos e gente ligada a pensamentos de extrema violência. Sou frequentemente ameaçado de morte. Vivo com uma segurança pesadíssima, assim como meus familiares. Agora, mais do que isso, temo pelo Brasil.

 

Nas redes sociais, um dos maiores alvos de suas críticas é o filósofo Olavo de Carvalho, guru da direita radical e da família Bolsonaro. Por quê?

 

Olavo é um pregador do obscurantismo. Do tipo mais perigoso. Atenta contra instituições de ensino, pois diz acreditar que a inteligência vem só dele. Repudia fatos comprovados pelo método científico, em favor de teorias da conspiração. É contra a vacinação, não crê no heliocentrismo, defende a tese de que o cigarro não faz mal à saúde, refuta teorias de Einstein, sem apresentar argumentos. É uma figura que ainda acha que vive na Guerra Fria, alimentando o medo de um comunismo que nem existe mais apenas para se promover como herói do ultraconservadorismo cristão contra uma inventada revolução satânica. Olavo conseguiu convencer um séquito de indivíduos sem nenhuma importância se não estivessem onde estão: no poder.

 

O senhor pretende entrar formalmente na política?

 

Muitos acham que faço reuniões secretas instigando pessoas. Longe da verdade. Um dos raros pontos positivos desde governo – além de algumas medidas econômicas – é ter unido os indivíduos sensatos contra aqueles que amam ditaduras. Tanto que há na oposição a Bolsonaro pessoas de esquerda, de centro, de direita. Basta ter algum bom-senso para entender que Bolsonaro é patético e que será lembrado no futuro como uma piada ou como um marco horroroso. Uma prova  disso é como agem os fãs de Bolsonaro. Repare nas críticas que recebo de bolsonaristas no Twitter. Eles não apresentam argumentos. Só são agressivos, xingam. São adultos que agem igual aos fãs adolescentes de Justin Bieber, que me atacaram quando critiquei o artista.

 

O senhor trabalha em alguma iniciativa de cunho político?

 

Não. Estou fazendo um projeto, ao qual pretendo me dedicar nos próximos anos, cujo objetivo é promover a educação voltada para a criatividade  e o controle cognitivo, atravessando todas as disciplinas em escolas públicas. Para isso, usarei minha fama como forma de promoção. Mas também reuni um grupo interessado. Aproximei-me de políticos que realmente pensam em medidas positivas, como a deputada Tabata  Amaral, do PDT de São Paulo.

 

Por que o senhor adota posições políticas claras no Twitter, mas mantém a discrição no Youtube?

 

No Youtube mostro um trabalho profissional, apresentando vídeos focados em divertir o público de jovens. No Twitter, sou só eu, dando opiniões.

 

 

Redação com Congresso em Foco

 


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