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A franqueza de Gominho e a fraqueza do Executivo

No governo anterior, bastava um maloqueiro qualquer fazer confusão com o vizinho e esfaqueá-lo na escuridão da madrugada que a Segurança Pública era culpada. Tinha-se que adivinhar quem faria o quê contra quem em que local. Se brincasse, briga de marido e mulher poderia servir de pano de fundo para uma campanha na imprensa contra o “caos” no setor.

No governo de Maranhão, a violência só faz aumentar e isso não parece nem de longe ser problema do Estado.

Não parecia. Até que o próprio secretário Gustavo Gominho foi à rádio 101 FM na semana passada declarar que a situação vai piorar, ao ser abordado sobre a violência contra os jovens. Embora nitidamente preocupado com a situação, talvez até desolado, o secretário admitiu que não tem muito o que fazer para evitar a escalada da violência. Era tudo o que ninguém queria ouvir do secretário da Segurança Pública.

Se fosse um secretário de Cássio, já teriam pedido a cabeça dele num prato de prata. Gominho, no entanto, permanece firme e forte. Disse a verdade, embora uma verdade cruel. A repercussão foi aquém do esperado. Pouco ou nada se falou sobre essa perspectiva desoladora da maior autoridade no Estado em segurança pública. Ninguém sequer falou em caos. Provavelmente alguma bem articulada “operação abafa” foi ativada pelo governo para evitar pânico entre a população.

O secretário não foi muito feliz nas declarações mas, vamos reconhecer, foi de uma coragem incrível. Não é fácil admitir fraquezas, ainda mais partindo da equipe de José Maranhão. As declarações de Gominho são verdades tenebrosas que qualquer governo faz questão de esconder ainda que, algumas vezes, essas ocorrências não sejam propriamente resultado de uma falta de política do setor. Oriundo da Polícia Federal, Gominho provavelmente não tem o costume de esconder sujeira debaixo do tapete, fingir bonança quando há tempestade. Como um PF competente, certamente ele mexia e remexia não para encobrir, mas para descobrir o problema, o “caos”, e apontar soluções. Mas franquezas assim tão escancaradas não funcionam muito bem no Executivo e o governador não deve ter ficado nada satisfeito com a entrevista. Ainda mais quando disse, no início do governo, que sua prioridade seria a segurança pública, que estava “um caos”.

Bom, até poucos dias atrás, o problema da segurança pública era falta de dinheiro e o empréstimo de R$ 191 milhões era considerado essencial para o setor, já que haveria recursos para investimentos em programas estratégicos. Pronto, o empréstimo foi aprovado.

E agora?

 


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