A esperada benevolência do Conselho de Ética com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pode ser explicada, entre outras coisas, pela biografia de seus integrantes. Pelo menos 70% dos membros do colegiado são alvos de inquéritos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), réus em ações penais e/ou envolvimento com nepotismo e atos secretos nos últimos anos, segundo levantamento publicado pelo jornal “O Estado de S.Paulo”.
Caberá a esses senadores decidir na terça-feira (4) o destino dos pedidos de abertura de processo de cassação de Sarney.
Pressionado a renunciar, o peemedebista é acusado de ligação com boletins administrativos sigilosos, nomeação de parentes e afilhados, além de desvio de recursos da Petrobras pela Fundação José Sarney.
A fundação vive hoje a perspectiva de intervenção por parte do Ministério Público (MP) do Maranhão, por causa da suspeita de desvio de cerca de R$ 500 mil de uma verba de patrocínio de R$ 1,34 milhão concedida pela estatal do petróleo. A fundação diz não ter sido notificada sobre a medida e que “é incorreto afirmar-se que houve desvios e irregularidades”.
A reportagem do “Estado” cruzou a lista de integrantes titulares e suplentes do Conselho de Ética com escândalos recentes semelhantes aos que alcançaram Sarney. Poucos escapam. Dos 30 titulares e suplentes, ao menos 21 estão nessa malha fina. Dos 14 suplentes, dez empregaram parentes, assinaram atos secretos, são alvos de inquérito ou réus em processos.
Na terça-feira, o “Estado” publicou reportagem afirmando que o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), emprega um assessor “fantasma” no próprio órgão desde novembro.
G1