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Mãe diz que matou filho por confundi-lo com bandido; vizinhos constestam e dão outra versão dos fatos

Um crime e duas versões. Maria Liduina de Freitas da Silva, 52, mora no Xié, em Itamaracá, e ganha a vida como vendedora de frutas no Recife. Teve quatro filhos. Na noite do último domingo, matou um deles. Ela se entregou à polícia. Contou que dormia quando Clebson Freitas Pereira, 30, arrombou a porta de casa. Disse que viu um vulto. E que esfaqueou o filho acreditando que era um ladrão. Mas não é isso o que a vizinhança conta. Na rua onde a família morava, quem viu a confusão retrata Maria Liduina como uma mulher fria, que sabia exatamente quem estava esfaqueando. Clebson foi socorrido pelo Samu, mas morreu no Hospital Miguel Arraes, em Paulista. Foi enterrado ontem, em Itamaracá, sob os olhos da mãe.

Ontem, o delegado responsável pelas primeiras diligências, Francisco Diógenes, disse que domingo foi o aniversário de Clebson e que o rapaz teria bebido e chegado agressivo em casa, quebrando a porta e dando socos na parede. De acordo com ele, a mãe da vítima contou que dormia quando a nora foi à cozinha e viu que a casa havia sido arrombada. Liduina, segundo essa versão, levantou e pegou uma faca. Ela só teria percebido que esfaqueou o filho depois, quando ele a chamou de mãe. A apresentação espontânea a livrou do flagrante. O delegado entendeu que houve homicídio culposo (sem intenção) e a liberou. No velório, mostrou a identidade do filho. A data de nascimento: 10 de janeiro de 1980. Começam as contradições.

Vizinhos que pediram para não ser identificados contaram que na noite do domingo, Maria Liduina, Clebson, seu padrasto e sua companheira, grávida de oito meses de um bebê que não é dele, estavam no quintal. Clebson morava com a companheira, com quem estava há seis meses, numa casa de taipa. A mãe e seu marido residiam em outro imóvel, aos fundos. Liduina, Clebson e o padrasto bebiam. Por volta das 22h30, apesar da música alta, os vizinhos ouviram gritos de uma discussão. Naquele momento, a mãe e o padrasto de Clebson estavam na casa dos fundos.

´Eu não vi ele batendo nela, mas ela contou que ele bateu`,disse uma testemunha. Liduina teria ido até a casa do filho e levado a grávida para a sua casa. ´Dez minutos depois, ele (Clebson) foi bater na porta da mãe. Ele dizia ‘abra que eu quero minha mulher’ e arrombou a porta`, contou uma testemunha. Liduina teria saído de casa já batendo no filho, chegando a rasgar a camisa dele. Clebson não teria reagido. Ele se desvencilhou da mãe e tentou entrar. Nesse momento, Liduina estava em uma parte escura do terreno, dificultando a visualização. E Clebson, que não havia conseguido entrar, começou a gritar ‘mãe me furou’.

´Ela feriu ele no pescoço e ficou segurando o ferimento. Logo depois, começou a lavar tudo. Ela lavou a roupa dela, que estava suja de sangue, tomou banho e trocou de roupa`, disse uma testemunha, consternada com o que ela chamou de ´frieza` de Liduina. De acordo com essa testemunha, os vizinhos informaram que haviam chamado o Samu, ao que a mãe teria respondido: ´não precisa chamar ambulância`.

 

 

Correio Braziliense

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