O comando das operações no complexo do Alemão encontrou grande número de cartas, supostamente de Fernandinho Beira-Mar, na casa de Marcelinho Niterói, seu braço direito que permanece foragido. Nos textos, escritos à mão, Beira-Mar pede uma união entre a milícia e os traficantes, na organização de ações criminosas.
Beira-Mar sugere o sequestro de autoridades, inclusive religiosas, em troca da libertação dos milicianos da Zona Oeste, como Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman. Batman é um dos aliados do ex-deputado Natalino Guimarães e do ex-vereador Jerominho. Atualmente, todos estão presos na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS).
O presídio é o mesmo em que um dos maiores traficantes do Rio está preso. A descoberta das cartas pode fazer com que Beira-Mar seja transferido de volta para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). A proximidade entre o traficante e os ex-políticos poderia ter favorecido a aliança.
Os agentes que analisam o caso ainda informaram que a estratégia a ser utilizada por Beira-Mar pode ser a mesma utilizada pela Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, que realizam uma série de sequestros no país. A previsão se confirma através da passagem do traficante por terras colombianas. No ano de 2001, Beira-Mar foi capturado em Vichada, na Colômbia, contando com a proteção dos paramilitares.
A autoria das cartas ainda não é comprovada, já que estas não estão datadas nem assinadas, mas a polícia está convicta de que sejam cartas de Beira-Mar. Para o juiz titular da Vara Federal de Crimes Financeiros, Odilon Oliveira, há fortes indícios da ligação do traficante com as milícias. O perfil dos paramilitares é o mesmo dos milicianos colombianos.
Conversas gravadas entre os advogados de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, informam dos ataques acontecidos no Rio de Janeiro, e sobre uma previsão de algo pior que ainda ocorreria.
Redação com JB