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Vestígios da pré-história podem ser encontradas em 70% dos municípios paraibanos

Muita água e animais marinhos vivendo livremente por toda a área ocupada hoje pela população de João Pessoa e cidades vizinhas como Bayeux e Santa Rita. Dá para imaginar um cenário assim? E o que dizer das regiões onde, na era moderna, abriga Sousa, Triunfo e Pombal? Área verde, lagos cristalinos, preguiças e tatus gigantes, tartarugas do tamanho de um Fusca e diversos animais pré-históricos, especialmente os polêmicos dinossauros. Essas paisagens não são sonho, nem imagens de filme de ficção. Trata-se do perfil de grande parte do Estado milhões de anos atrás.

Segundo estudos realizados na Paraíba, 70% dos municípios do Estado possuem vestígios de fósseis de animais pré-históricos. Para impulsionar a preservação e tentar resgatar o mais remoto de todos os períodos da história, está em processo de implantação o Instituto Nacional de Arqueologia, Paleontologia e Ambiente do Semi-Árido do Nordeste do Brasil, criado no primeiro semestre de 2009.

O tema das pesquisas elaboradas na instituição, cujas atividades iniciaram há dois meses e ainda são muito incipientes, será a forma de vida nas grandes áreas do Semi-Árido nordestino. “Os estudos giram em torno das maneiras de dispersão das populações humanas pleistocênicas – 1,8 milhão de anos – e do começo do holoceno (há cerca de onze mil anos), suas estratégias de sobrevivência e sua adaptação ao paleoambiente”, detalha Anne-Marie Pessis, coordenadora do instituto e professora da Universidade Federal de Pernambuco.

O registro mais antigo de fósseis na Paraíba – o que comprova que havia vida desde então – apareceu na Bacia Sedimentar do Rio do Peixe, em Sousa. Já foram encontradas quase 400 pistas e muitas pegadas isoladas dos bichos gigantescos e outros que são encontrados ainda hoje (com aparência modificada, é claro) em 22 sítios espalhados por várias regiões do Estado. Além dos dinossauros, achou-se resquícios de algumas rãs, largarto, tartarugas e inúmeros invertebrados. Tudo através de análises de icnofósseis (traços fósseis como pegadas, trilhas e ninhos).

Isso quer dizer que a região onde você está pisando agora pode ter sido o terreno de espécies inimagináveis nos dias atuais, os quais consumiam dezenas de quilos de folhagens e em torno de 200 litros de água como mastodontes (parecidos com elefantes), toxidontes (semelhantes a hipopótamos) e outros comuns como lhanas, cavalos e tigres dentes-de-sabre.

O Sertão, onde as pessoas sofrem com a falta de água, por exemplo, era mar. “Em uma parte do Seridó como as cidades do Junco e Santa Luzia existem rochas que indicam que o mar estava presente em alguns bilhões de anos”, informou o professor de paleontologia e pesquisador da Universidade Federal da Paraíba, José Augusto de Almeida.

Segundo o estudioso, nesse mesmo lugar, foram achados sedimentos que comprovam a existência de um lago entre 125 e 144 milhões de anos, o qual surgiu durante a separação dos continentes Sul-Americano e Africano. Havia invertebrados de água doce, a exemplo de moluscos e crustáceos, e ainda insetos. “No lugar do lago, existem rochas cujos sedimentos foram acumulados até esse período”, explica. Era uma região muito farta em água e com uma flora abundante, que propiciava a permanência de várias espécies já extintas com as mudanças geográficas que ocorreram com o passar do tempo.

Em Sousa, a comprovação de que existia vida animal se dá pela identificação das pegadas de espécies não mais encontradas. Por isso, as provas são chamadas de icnofósseis, ou seja, há somente a identificação das pegadas e não dos bichos que lá viviam propriamente ditos. Os estudos possibilitaram a reconstituição dos dinossauros de Sousa – dos tipos ornitópodes e saurópodes, além de icnofósseis de peixes e invertebrados.

Jornal da Paraíba

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