O comentário do empresário e ex-senador pela Paraíba, Roberto Cavalcanti, deixou-me perplexo. Eu e uma multidão incrédula no que havia escutado. Defendeu o ex-parlamentar, que é proprietário do grupo Correio de Comunicação, o apedrejamento de jornalistas e radialistas que vêm emitindo, diariamente, números do novo coronavírus no Brasil e o avanço acelerado da enfermidade por todo o país.
Eu entendo o desabafo de Roberto Cavalcanti, mas pensar e, pior, falar em apedrejar profissionais da imprensa que estão cumprindo o dever de informar a população o quadro da pandemia no Brasil é, no mínimo, uma falta de respeito para com a profissão. Aliás, nesses últimos tempos, tudo que ocorre de ruim no país é culpa exclusiva dos jornalistas e radialistas. Na verdade a grande cruz fincada no Gólgota da Pátria Amada.
Cavalcanti, com seu discurso pouco harmonioso, lembrou o episódio que envolveu as grandes potências mundiais durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Suas respectivas imprensas censuravam as notícias sobre a gripe espanhola. Imaginavam os países belicosos que não podiam deixar que o restante do mundo soubesse que seus exércitos haviam sido afetados, ou infectados, pela pandemia.
Essa situação foi diferente com a Espanha. Como ela se manteve neutra durante toda a guerra, não precisou fazer segredo sobre a nova doença. Por isso, assim que a “gripe” chegava a um novo país, era rapidamente chamada de “a espanhola”.
Imagino eu que o empresário deve estar arrependido, pois não se justifica esconder a realidade. O acesso à informação é princípio basilar da Constituição Federal. Porões já foram fechados há tempos, o “cale-se” abriu a boca e soltou enorme berro. Por fim, não há uma espetacularização da mídia em relação à Covid-19 e seus números. Pensar em maquiar a verdade é um retrocesso ao tempo dos generais.
Eliabe Castor
PB Agora