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Nossa Senhora das Neves tem ícone bizantino

 Santa Maria Maior. Salvação do Povo de Roma. Essas são outras formas de identificar a mesma Nossa Senhora das Neves que é padroeira da Paraíba. Elas dão nome ao ícone de origem bizantina, que é imagem original da padroeira. É ela que está representada no centro do altar da Basílica com seu nome no Centro de João Pessoa.

A imagem, no entanto, é diferente da que ‘sobe’ no andor a cada 5 de agosto para a tradicional procissão em honra desta ‘identidade’ da mãe de Jesus. A mulher de cabelos negros, coberta por vestido e véu absolutamente brancos, é uma versão local de Nossa Senhora. Ela é uma estátua de roca, tipologia de imagem sacra muito usada em procissões por ser feita de material mais leve que pode ser levada em procissão usando roupas de tecido.

A Nossa Senhora de roca que é levada pelos fieis na capital é tratada com respeito e cuidado por José Augusto de Moraes. Durante a novena, que sempre começa no dia 27 de julho, Augusto é o responsável pelo ‘guarda-roupa’ da imagem. Apesar do carinho, Augusto admite que “a imagem não tem significância artística, mas sim histórica e devocional”. “Niguém sabe quem trouxe essa imagem, quem disse que era ela”, diz.

A devoção dos paraibanos a Nossa Senhora das Neves é uma das heranças da colonização portuguesa, acredita o arquivista do Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese da Paraíba, Ricardo Grisi. Ele destaca que existiam três tipos de Igreja na época em que os portugueses chegaram: a oficial, totalmente ligada ao Estado; a das ordens religiosas, que chegaram logo em seguida; e a popular, trazida pelas pessoas pobres e pelos escravos convertidos.

A historiadora Nilza Botelho Megale conta em seu livro ‘Invocações da Virgem Maria no Brasil’ que um casal romano de idade avançada e sem filhos rezava pedindo a Deus orientação de como investir sua riqueza, já que não tinham herdeiros. Em sonho, o marido recebeu um pedido de Nossa Senhora para que eles construíssem uma igreja no local que ficaria marcado com neve. Na noite entre 4 e 5 de agosto, em pleno verão europeu, “devido a um estupendo milagre, o monte Esquilino [em Roma] estava coberto de neve”.

Ainda de acordo com Megale, com a autorização do bispo de Roma, o casal construiu a Basílica de Santa Maria Maior, a primeira e mais importante “entre todas as igrejas de Roma dedicadas à Virgem Santíssima”. O teto da igreja é ornamentado com ouro levado das Américas por Cristóvão Colombo.

Bandeira e Brazão -J oão Pessoa completou 432 anos neste sábado (5), mas a bandeira e o brasão da capital da Paraíba são bastante recentes neste contexto histórico. Criado há 45 anos, o pavilhão que se vê hasteado nos prédios públicos de João Pessoa só foi oficializado em 1972, pela lei municipal nº 1.624. Severino Ramalho Leite, secretário assistente do então prefeito Dorgival Terceiro Neto, lembra que a bandeira e o brasão foram encomendados pelo poder executivo municipal a um grupo de monges beneditinos da Bahia.

Ramalho Leite conta que o deputado Américo Maia, que era padre, comentou com Dorgival Terceiro Neto que não havia nenhuma bandeira ou brasão de armas oficial da cidade de João Pessoa. Foi a partir dessa inquietação que em 1972, a prefeitura contratou o mosteiro beneditino para desenvolver o brasão e a bandeira da capital paraibana, com a assessoria do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP) e do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica (IPGH).
“Não havia nada: nem bandeira, nem brasão. Conversei com Dorgival, após a indicação de Américo Maia. Foi feito um contrato com os monges, nós que pagamos pelo serviço na época. Cada símbolo, cada detalhe desenvolvido pelos monges beneditinos, foi feito com a ajuda do IHGP e do Instituto de Heráldica daqui, para garantir que a nossa história estivesse representada”, explicou Ramalho Leite.

A bandeira, ornada em listras horizontais vermelhas e brancas, com uma tarja preta vertical e três coroas com a aparência de fortalezas, sendo cada uma delas com quatro torres, é basicamente a mesma estrutura contida no brasão de armas. As exceções no brasão são os golfinhos, um em cada lado, para indicar que João Pessoa terra é litorânea e o lema em latim intrepida ab origine.

Redação com G1

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