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Holandesa busca pais biológicos na Paraíba; mulher nasceu em JP e foi adotada ainda bebê

A psicóloga holandesa Esther Metting, de 45 anos, nasceu em João Pessoa e foi adotada quando ainda era um bebê. Interessada em conhecer sua origem e encontrar os pais biológicos, ela resolveu divulgar a própria história nas redes sociais e vir até o Brasil em busca de alguma pista. Nessa jornada, a holandesa bateu à porta da Defensoria Pública do Estado, que está colaborando com a busca e auxiliando-a na regularização de documentos.

Esther chegou à Defensoria Pública indicada por servidores do Fórum Cível de João Pessoa – primeiro órgão que procurou ao chegar na capital, no início do mês. Na DPE, ela foi atendida inicialmente pela Ouvidoria Geral, que tratou de providenciar um tradutor voluntário para facilitar a comunicação naquele primeiro momento. Ester não fala português e esse fato, explicou a ouvidora Céu Palmeira, preocupou a equipe, pois além de tornar a busca mais difícil, poderia levá-la a uma situação de vulnerabilidade.

Diante disso, o defensor público-geral do Estado, Ricardo Barros, indicou uma estagiária com fluência na língua inglesa para auxiliar a psicóloga. “O caso sensibilizou a todos e a Defensoria Pública é uma instituição, sobretudo, solidária. Com o respeito e o reconhecimento que a instituição tem de toda a sociedade, tínhamos consciência de que esse apoio ajudaria a abrir portas e facilitaria a busca pelos seus pais”, disse o DPG Ricardo Barros.

Do dia 3 de agosto, quando procurou à Defensoria, até agora, Esther foi acompanhada pela estagiária/tradutora Bruna Barros em atendimentos na Casa da Cidadania, no cartório em que foi registrada, na Polícia Federal, no então abrigo Jesus de Nazaré (atual Instituição de Acolhimento Lar da Criança Jesus de Nazaré), onde foi adotada pelos pais holandeses em agosto de 1977, e por último, nesta terça-feira (16), na maternidade pública de Santa Rita, onde nasceu.

Sua adoção foi intermediada, à época, por uma freira holandesa chamada Maria Anna Meijer, já falecida. Na maternidade, Esther descobriu que o processo foi acompanhado por outras freiras e que uma delas ainda é viva e mora na Itália aos 101 anos.

Embora tenha chegado ao Brasil com um ponto de partida, sabendo onde e como foi adotada, a busca de Esther não é tão simples, já que as adoções no Brasil há 45 anos eram bem diferentes da forma como acontecem hoje. Titular da Vara de Infância e Juventude, a defensora pública Iricelma Bezerra esclarece que a política de adoção no Brasil foi aperfeiçoada e atualmente todas as informações sobre a família biológica da criança e o que aconteceu antes da adoção ficam registradas no processo de adoção.

Há algumas décadas, conta a defensora, era relativamente comum adotar crianças diretamente em abrigos. Os casais registravam as crianças em seus nomes e, no caso de pessoas estrangeiras, as crianças eram levadas do país sem muita burocracia. “Bem diferente dos tempos atuais, em que é preciso entrar para a fila de adoção e participar de uma série de trâmites burocráticos. A criança só é entregue a pessoas estrangeiras se não houver interesse de famílias brasileiras pela criança”, explica Iricelma.

PESQUISA DE DNA – Ester ainda não tem notícia do paradeiro dos seus pais biológicos, mas tem esperanças de que a partir da divulgação do seu caso, sobretudo após a exibição nacional de uma reportagem na TV, nesta terça, surjam novas informações. Outra tentativa da holandesa é através de pesquisa genética. Ela já realizou pesquisa de DNA nas empresas americanas Family Tree DNA e Gedmatch. Agora, com o CPF do Brasil, ela também pretende acessar os bancos genéticos brasileiros.

Ela conta que tem curiosidade de saber as razões que fizeram seus pais biológicos a entregarem para adoção. Outra motivação é o fato de não conhecer ninguém que se pareça com ela, geneticamente falando. “Eu ficaria feliz em ter essa conversa e também dizer a eles que eu estou bem”, disse.

PASSAPORTE – Com a vinda ao Brasil e com a ajuda da Defensoria, Esther aproveitou para resolver um problema com o passaporte. A holandesa explicou que chegou a ser barrada nos Estados Unidos, já que ela tinha dois passaportes com nomes diferentes. Como tem cidadania brasileira, a Defensoria a ajudou a tirar o CPF e obter da Justiça Eleitoral uma declaração para regularizar o documento. Ela receberá o passaporte corrigido na próxima sexta, um dia antes de voltar para Groningen, cidade em que vive na Holanda.

Mesmo com o embarque confirmado, a busca pelos pais biológicos não para. Esther espera contar com a ajuda dos conterrâneos. Ela agradeceu a atenção da Defensoria Pública ao seu caso, elogiou o atendimento que recebeu na instituição, e fez considerações positivas aos órgãos públicos do Brasil.

A estagiária de Direito Bruna Barros, que está acompanhando o caso de perto, falou da experiência de reunir os conhecimentos da língua inglesa e do Direito para auxiliar o caso. “Foi muito gratificante poder ajudar alguém em uma posição de vulnerabilidade quanto a língua. E também poder praticar o aprendizado que a Defensoria Pública me proporcionou para auxiliar Esther nessa jornada”, disse Bruna.

 

PB Agora

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