Tráfico de drogas e possível atuação de um grupo de extermínio fazem de Cabedelo uma das cidades mais violentas do Estado da Paraíba
O município de Cabedelo, região metropolitana de João Pessoa, se tornou uma das cidades mais violentas da Paraíba. Os números, realmente, são de assustar e podem ser comparados a estatística de guerra. Só este ano, a 1ª Vara da comarca, privativa do Tribunal do Júri, recebeu 48 inquéritos referentes a homicídio. Isso equivale a 50% das ações ajuizadas naquela unidade judiciária. E pior, a grande maioria das mortes fica sem solução e há indícios que um grupo de extermínio esteja atuando nos bairros.
Nos últimos três meses, 102 inquéritos foram devolvidos para a delegacia, com o objetivo de investigar e descobrir os nomes dos réus, já que nos inquéritos só figuram os nomes das vitimas. Segundo o juiz titular da 1ª Vara e diretor do Fórum de Cabedelo, Salvador de Oliveira Vasconcelos, a situação de violência no município vem aumentando gradativamente e 95% dos casos de morte não são solucionados. “No mês de novembro do ano passado, eu elaborei um relatório e envie para o Ministério Publico, para saber o que esta acontecendo na comarca. Inclusive, vou conversar com o secretario de Segurança Publica sobre a situação de Cabedelo”, adiantou o magistrado.
Para o juiz, o grande índice de violência na cidade tem uma relação direta com o trafico de drogas e as vitimas são, em sua grande parte, jovens do sexo masculino, entre 14 e 22 anos. “O que estamos vivendo e uma tragédia social. Só para exemplificar, há quinze dias assassinaram uma pessoa, com um tiro de espingarda calibre doze, na esquina da minha casa e esse assassinato também entrou para rol dos misteriosos”, revelou Salvador Vasconcelos.
O juiz, que também preside o Tribunal do Júri de Cabedelo, não culpa exclusivamente a policia pela falta de prevenção e investigação dos crimes. O medo dos moradores em testemunhar, segundo o julgador, acaba sendo fator determinante para a captura, julgamento e condenação dos assassinos. O receio, somado a falta de estrutura das policias civil e militar, formam a mistura ideal para a impunidade. “Reconheço que a Secretaria de Segurança Publica tem feito um bom trabalho, mas não acompanha o avanço do crime, sobretudo dos traficantes de drogas”, alerta o juiz.
Extermínio – Os homicídios em serie na comarca de Cabedelo podem ter outra explicação de cunho ainda mais preocupante. A atuação de um grupo de extermínio no município. O juiz disse que existem indícios de uma formação com o objetivo de exterminar pessoas na cidade. “Estamos realizando os primeiros levantamentos a respeito, mas mortes estão acontecendo de forma aleatória em Cabedelo e a cidade precisa de uma atenção especial por parte das autoridades. Trabalhamos com a hipótese de que um grupo de extermínio esteja agindo na cidade”, denunciou o Salvador Vasconcelos.
Alem de trabalhar em Cabedelo, o juiz mora na cidade há 13 anos. Como cidadão, ele sente na pele o medo da população, em relação ao crescimento da criminalidade nos bairros de Cabedelo. Segundo ele, em todos os lugares públicos que frequenta, ouve a mesma reclamação: ‘doutor esta todo mundo com medo. Tem gente sendo morta no meio da rua’.
“Cabedelo esta entre as cinco principais comarcas do Estado e merece uma postura mais acentuada porta parte da Secretaria de Segurança Publica, para que se perca totalmente o controle”, alerta Salvador Vasconcelos.
Fernando Patriota
PB Agora