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Boqueirão agoniza e Campina corre risco de ter racionamento

 Com mais de 400 mil habitantes, Campina Grande pode estar prestes a enfrentar um novo racionamento de água. O açude Epitácio Pessoa, em Boqueirão, responsável pelo abastecimento da cidade, está agonizando e hoje acumula menos de 45% de sua capacidade. A Cagepa, que gerencia o manancial, ainda não se manifestou oficialmente, mas nos bastidores comenta-se que se medidas urgentes não forem adotadas, e se não chover nas cabeceiras do rio Paraíba e Taperoá, até o final do ano, o racionamento será inevitável.

Construído há mais de 50 anos pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) para matar a sede das populações de Campina Grande e do Compartimento da Borborema, o Açude Epitácio Pessoa, está com apenas 44,5% de sua total capacidade de armazenamento, segundo dados da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA). O volume de água hoje armazenado na manancial corresponde a 183.190.552 milhões de metros cúbicos, muito aquém do seu potencial que é de 411.686.287 milhões de metros cúbicos.

A longa estiagem, a evaporação, e o consumo, tem contribuído para a redução drástica do volume de água armazenada em Boqueirão que é a principal fonte de abastecimento de 1 milhão de paraibanos.

Um estudo realizado pelo pesquisador Janiro Costa Rêgo, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) já prevê o racionamento. Segundo o pesquisador Janiro Costa Rêgo, a falta de controle entre a demanda e a oferta de água deve provocar o colapso do açude Epitácio Pessoa, no Agreste paraibano. Desde o meio do ano que o Dnocs suspendeu a irrigação com água do açude de Boqueirão, mesmo assim, as bombas clandestinas continuam funcionando nas ribeirinhas.

Um novo estudo desta vez apresentado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas da Paraíba (Stiupb) levantou mais uma vez a discussão sobre a gestão das águas do manancial Epitácio Pessoa, e a possibilidade de ser iniciado um racionamento nas mais de 20 cidades abastecidas pelo açude.

Segundo os dados coletados de consumo de água, apenas das residências de Campina Grande, a vazão outorgada de água é de 1,3 metro cúbico por segundo, enquanto que a vazão retirada do reservatório do Cariri é de 2,45 metros cúbicos por segundo.

Esse aumento, segundo explicou Wilton Maia, presidente do Stiupb, implica em um consumo maior de 2.400 metros cúbicos por dia, já que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos dez anos a população de Campina Grande aumentou em 30 mil pessoas.

A demanda de consumo está em uma diminuição de um centímetro por dia, o que corresponde o abastecimento em todas as cidades, já contando a evaporação. Isso aponta para uma vazão de 230 mil metros cúbicos por dia.

Diante da iminência de um colapso no sistema de abastecimento, a Câmara de Vereadores de Campina Grande realizou na manhã desta quinta-feira, uma Audiência Pública, sobre a campanha de Conscientização Racional da Água. Os vereadores se reversaram na Tribuna para alertar para a crise. Algunsvereadores manifestaram a preocupação com os hospitais.

Somente o Hospital de Emergência e Traumas Dom Luiz Gonzaga Fernandes, consome diariamente 176 mil litros de água e, o racionamento traria graves transtornos. “Qual o plano B do governo do estado quando a água faltar nas torneiras dos cidadãos de campina?” indagou o vereador Alexandre do Sindicato (PTC). Durante a audiência,alunos da escola Petrônio acompanharam das galerias, as discussões em torno do uso racional da água. E olharem para o futuro com uma nítida preocupação.

Severino Lopes

PBAgora

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