O Brasil é realmente um Titanic sem rumo. O Executivo nem tem projeto de país nem base para cortar gastos, só propõe aumento de impostos. A Câmara derrubou decretos em favor do aumento de IOF, mas o Senado aprovou o aumento de número de deputados federais, que pode gerar um impacto de R$ 95 milhões por ano.
Ontem, a Instituição Fiscal Independente do Senado afirmou que as atuais regras para o controle das contas públicas são “insustentáveis”. Além dos problemas estruturais com gastos exorbitantes e engessados pela Constituição, o arcabouço fiscal do governo Lula se revelou um calabouço que não impede o avanço da dívida pública.
Para a Instituição Fiscal, o Brasil precisa de uma reforma estrutural urgente para restringir a sinistra trajetória da dívida pública. O país corre sério e grave risco de, no máximo em 2027, não ter dinheiro algum para investimentos e gastos discricionários do Estado. O que fez o Senado no dia seguinte? Votou para aumentar número de parlamentares!
Do outro lado da Praça dos Três Poderes, o STF está pavimentando um amplo caminho de censura de opiniões consideradas “polêmicas”. Vai atingir em cheio publicações com conteúdo antiprogressista e postagens críticas aos donos do poder.
Raymundo Faoro estava certo quando escreveu, em 1958, sobre o Estado brasileiro: “acima das classes, o aparelhamento político impera, rege e governa, em nome próprio, num círculo impermeável de comando”.
Faoro sempre esteve certo quando disse que o Estado brasileiro é um “monstro patrimonial-estamental-autoritário”. Muda-se o regime, mas as elites continuam lá, no mesmo lugar de sempre, contra o povo e a favor de si mesmas.
Anderson Paz