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Análise – O impeachment fede a golpe, mas o processo é político e o governo está vulnerável

á para sentir o mau cheiro de golpe que exala o pedido de impeachment que o deputado Wallber Virgolino protocolou, na Assembleia Legislativa, na esperança de derrubar – com um tiro só – o governador João Azevêdo e a vice-governadora Lígia Feliciano.

Apesar de bem escrita, a peça – cuja elaboração é atribuída ao ex-deputado e advogado Gilvan Freire – é de um grau de debilidade tal, que mais parece um “se-colar-colou”… Os argumentos de que lança mão não se sustentam nem aos olhos dos mais leigos no campo jurídico.

Atentem para o tamanho da pretensão: derrubar, de uma vez só, o governador e a vice-governadora.

O risco

O problema, no entanto, é que o processo de impeachment é muito mais político que jurídico. E, neste terreno, o Legislativo – em qualquer esfera – se torna um super Poder. O seu presidente, nem se fala, tem a prerrogativa de engavetá-lo ou botá-lo para frente ao seu bel prazer e humor.

A propósito, quem não lembra de Eduardo Cunha, que guardou o pedido de Impeachment contra a então presidenta Dilma, até que os deputados petistas lhe negaram apoio na comissão de ética? Foi o bastante para Cunha tirar o papelzinho que dormia na gaveta, tocar para frente e atirar o Brasil abismo abaixo.

Vulnerável

E é aí onde a porca torce o rabo, como diria Mamãe Mocinha, minha avó paterna lá do Sítio Canadá. Impeachment é impeachment e, portanto, tudo depende do Poder Legislativo; da relação que o governante mantém com o parlamento e, sobretudo, da sua capacidade de articulação.

Dependendo das circunstâncias, nestas horas, caneta e Diário Oficial não valem nada; o que vale é uma boa e azeitada articulação do Executivo com o Legislativo.

Frágil

O governador João Azevêdo é reconhecidamente um técnico do mais alto nível, de grandes serviços prestados a João Pessoa e à Paraíba; de conduta ilibada, pelo menos até que a Calvário prove o contrário. Mas é um noviço na política; não tem o traquejo e nem a malícia necessários para o entendimento com as cobras criadas da política.
Ninguém se torna um político habilidoso, tampouco um bom articulador político de uma hora para outra, apenas porque está num cargo poderoso, com uma caneta cheia de tinta, o Diário Oficial e as impressoras de A União.

O governo João Azevêdo não tem, definitivamente, um bom articulador; um elo entre o Executivo e o Legislativo capaz de contornar situações de vulnerabilidade.

Sem o atrevido

Pelo que temos visto, o governador João Azevedo está emprenhando pelos ouvidos dos bajuladores do poder de plantão. Aqueles que botam na sua cabeça que é a maior autoridade do Estado, tem a caneta, o poder de nomear, exonerar etc. e tal.
João Azevedo precisa de um bom articulador, de preferência um bom atrevido com a atribuição de lhe dizer a verdade e não apenas bajulá-lo.

Batendo Cabeça

Neste boi-de-fogo que se inicia, o governo está batendo cabeça. Nesta segunda-feira, o governador Azevêdo deu declarações concordando com o seu aliado, deputado federal Damião Feliciano, que denunciou um suposto golpe travestido de impeachment, para derrubar o governo.

Quase na mesma hora, o secretário de Articulação Política e deputado licenciado, João Gonçalves, afirmou, de forma categórica, que Damião estaria totalmente por fora da política da Paraíba, porque vive mais em Brasília.

A sorte

Apesar de tudo, pode ser que esta brincadeira de mal gosto, de pedir impeachment do governador e da vice-governadora não dê em nada, por duas razões: primeiro, pela péssima repercussão que poderia ter na opinião pública; segundo, porque o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, tem se postado como fiel aliado e apoiador da gestão de João Azevêdo.

De qualquer forma, é melhor o governador João Azevêdo não confiar no veneno e montar uma articulação verdadeiramente eficiente, pra depois não chorar o leite derramado.

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