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Análise: a quebra do juramento de Hipócrates e a abnegação do secretário Geraldo Medeiros na busca por salvar vidas

A medicina foi exercida inicialmente pelos sacerdotes, mas ela somente se tornou uma ciência médica após adotar métodos específicos para a pesquisa dos males humanos, rechaçando por completo o empirismo. Esses processos, que foram desenvolvidos na Grécia antiga, principalmente por Hipócrates, são oriundos da filosofia.

Assim como a filosofia se distanciou dos mitos, e, por efeito “gravitacional”, a medicina também se apartou dos sacerdotes, a ciência floresceu ao longo dos séculos, aperfeiçoando suas técnicas e salvando vidas sem a necessidade de “curandeiros”.

Através dos métodos filosóficos da busca do conhecimento, a medicina grega formou sua própria identidade. E a figura de Hipócrates tem papel preponderante na história das ciências médicas.

Considerado por muitos a figura mais importante da história da medicina, é referido como um dos grandes personagens responsáveis pelo florescimento intelectual grego, como Demócrito, Sócrates e Aristóteles.

A influência de Hipócrates na medicina atual e o “mercantilismo” da profissão no Hospital de Trauma

Qualquer graduado do curso de medicina deve se submeter àquilo que conhecemos como Juramento de Hipócrates que, em linhas gerais, tem compromisso “cartorial” com a vida humana.

Contudo, no último sábado, um grupo de médicos cooperados que atuam no Hospital de Trauma Senador Humberto Lucena “esqueceu” seu juramento e sua condição enquanto ser humano. Os “anjos de branco”, em ato pouco louvável, boicotaram a si mesmos e sua honrosa profissão.

Foram 50 médicos integrantes da Neurovasc que não compareceram ao plantão, pondo em risco a vida de pacientes.
Mas, ante a “rebelião” infantil e descabida, havendo como causa o não recebimento pecuniário dos serviços prestados, o juramento de Hipócrates foi quebrado por questões “mercantilistas”, ou alguém tem dúvidas?

Direito ao recebimento de proventos, mas não ao abandono da vida humana de terceiros

É claro que esses profissionais têm o direito e devem receber seus proventos, mas com a readequação no sistema de saúde promovida pelo governador João Azevêdo, que, em coletiva realizada no Palácio da Redenção no dia 23 de dezembro, anunciou a extinção de todos os contratos com as Organizações Sociais do Estado da Paraíba, a partir de janeiro de 2020, daí uma transição administrativa está em curso.

Resultado: interesses contrários à decisão do governador começaram a surgir. Se a Neurovasc não repassou os valores pecuniários para seus médicos filiados, cabia um diálogo com o secretário de Saúde, Geraldo Medeiros, mas preferiram radicalizar.

Geraldo Medeiros cumpre juramento e vai para o Trauma exercer sua profissão

Preocupado com a situação, Medeiros, antes mesmo de buscar uma saída administrativa com os médicos intransigentes, saiu do seu gabinete, colocou seu jaleco e foi para o Trauma a fim de entrar na escala de plantão e exercer aquilo que a sociedade espera de qualquer profissional. Dedicação e lisura na conduta ética.

Plantão encerrado, o secretário, que é especializado em cirurgia torácica, retornou à condição burocrática de secretário de Saúde do Estado, chamou à baila os “anjos de branco” que estavam com suas asas recolhidas, e resolveu a problemática.

Na reunião ficou acordado que a Secretaria de Saúde assume a contratação dos serviços prestados pela Neurovasc, mantendo os mesmos serviços e valores nos moldes dos contratos com o instituto Acqua, OS que será descredenciada e que repassava os valores para a cooperativa de médicos. Aqueles que cruzaram os braços.

Por fim, reproduzo o Juramento de Hipócrates, para aqueles que “esqueceram” ou frequentaram a Academia com um único fito: ganhar mais e mais dinheiro, não importando a vida humana.

Texto do juramento – com adaptação aos tempos atuais

“Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência.

Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honra.

Nunca me servirei da minha profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime.

Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu para sempre a minha vida e a minha arte com boa reputação entre os homens; se o infringir ou dele afastar-me, suceda-me o contrário”.

Eliabe Castor
PB Agora

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