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A missão da Igreja para com a Terceira Idade

Fomos criados por Deus para vivermos de modo que o Glorifiquemos em cada fase do nosso desenvolvimento.  As Escrituras lançam luz para cada período de ciclo vital trazendo o esplendor da sabedoria divina. Do lado de cá, vivendo essa linda e gloriosa experiência, somos desafiados a aproveitar cada momento como único e repleto de suas caraterísticas singulares. Perceber a vida sob este entendimento possibilitará um maior aproveitamento da mordoma do tempo no qual, apesar dos anos já vividos, ainda é possível frutificar e produzir para o louvor do Criador e edificação de sua criação.

Os estudiosos das ciências afins olham para a terceira idade percebendo suas mudanças e buscando cada vez mais a ampliação da vida no que se denomina LONGEVIDADE saudável.

“De acordo com Relvas (1996) o sistema familiar é orientado por objetivos ao longo da sua existência, traçados para que a família consiga desenvolver os seus dois papéis: a) capacidade de promover o desenvolvimento e proteger os seus membros (função interna); b) capacidade de promover a socialização, adequação e transmissão da cultura (função externa). As transformações na família, em função do desenvolvimento de tarefas inerentes a cada etapa em que se encontra, constituem uma sequência previsível que se tem designado por ciclo vital. Este, refere-se ao trajeto previsível que uma família percorre durante a sua existência tendo integrados vários fatores: dinâmica interna do sistema, aspectos e características individuais e a relação com os contextos em que a família se insere”

A terceira idade não chega da noite para o dia. Ela segue um curso natural na trajetória de vida de cada um de nós. A forma como nos comportamos nos períodos precedentes a ela influenciará e muito na qualidade de vida presente e no enfretamento do futuro que se tornou maior aumentando a idade média de 57 anos na década de 60 para 72 anos em 2020.

Não se deveria pensar na qualidade de vida apenas neste período em razão das mudanças e solicitações do organismo já sem tanto vigor e com as possíveis doenças sinalizando cuidados interventivos. Se deveria viver planejando esse tempo equilibrando: trabalho, vida social, lazer e cuidados médicos preventivos. Sem estes cuidados infelizmente esta fase se revestirá de maiores angustias e sofrimento para si e para os que convivem e cuidam. De todos os possíveis sofrimentos nesta fase chamo atenção à saúde mental que nem sempre é incorporada como observância por todos no sistema familiar. Este aspecto da vida muitas vezes esquecido é a causa de desencadeadores como a depressão, que segundo estatísticas vem aumentado velozmente nos últimos 5 anos atingindo varias faixas etárias e, em especial a terceira idade. Segundo a OMS “o termo saúde mental está relacionado à forma como uma pessoa reage às exigências, desafios e mudanças da vida e ao modo como harmoniza suas ideias e emoções

Na terceira idade, em especial no período correspondente a 2020 e 2021, com a pandemia do Covid-19 a incidência da depressão aumentou e em alguns casos sem respostas aos medicamentos e tratamentos já adotados. Alguns fatores foram promovedores deste aumento, dentre eles:

  • Por ser vista como uma faixa etária de risco ao vírus;
  • Pelo enorme impacto fatalizando com morte esta faixa etária por não ter um prognóstico padrão e pela forma como o vírus agrediu de forma distinta cada organismo potencializando as cormobidades;
  • Por medo causado em razão das informações incertas e dicotomia política/medicina no manejo do problema.
  • O distanciamento social impedindo a prática já adotada de medidas de autocuidado como rotina por muitos antes da pandemia. Caminhadas, envolvimento em atividades voluntárias, viagens de passeio em grupo semelhante, outro. A instabilidade quanto ao retorno destas rotinas foi crucial para a alteração do humor;
  • Pelo isolamento social que exigiu uma mudança na rotina e incorporação de medidas internas na casa para preenchimento do tempo que se tornou longo. Alguns se saíram bem outros não.
  • Aumento da violência pelo nível aumentados do stress nos cuidadores que não conseguiram controlar suas próprias tensões – um fator critico, silencioso, e potencializador de sofrimento emocional;
  • Pela interrupção de tratamento multiprofissional, uma vez que não conseguiam adotar o método de vídeo conferencia em algumas profissões;

Frente a estas duras realidades ficam a perguntas: O que podemos esperar de idosos que ficaram estes tempos mais sozinhos? Como os mesmos reagirão à ausência de um convívio familiar e em seu contexto sociocultural? Quais os reais impactos em suas percepções deste período e de que forma tais percepções tem interferido em seu ritmo de vida agora? Quais recursos disponíveis para auxilia-los no enfrentamento de ressignificação de suas vivências neste período? Em que níveis e natureza na contemporaneidade os idosos são desafiados a dar resposta de sua autonomia? Por mais que tentemos fechar os olhos a esta realidade. Como cristãos somos desafiados por Deus a perceber neste cenário também o cenário da nossa missão. Precisamos orar, edificar e proclamar tendo esperança na intervenção soberana de Deus. Unir família, igreja é o caminho para proporcionar qualidade de vida aos idosos. É no contexto familiar que ele encontrará suas bases sólidas e se sentirá amparado para fazer escolhas importantes no seu autocuidado. Ter a presença e apoio dos filhose netos proporcionará ao idoso uma experiência de completude emocional ativando memórias saudáveis e incentivando a entrega sem reservas. Nesta relação se vê cumprindo o que diz a Escritura no salmos 128 para os que tem a vida sob os cuidados do Senhor.

“Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos.
Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz será, e te irá bem.
A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa.
Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor.
O Senhor te abençoará desde Sião, e tu verás o bem de Jerusalém em todos os dias da tua vida. E verás os filhos de teus filhos, e a paz sobre Israel.
Salmos 128:1-6

No contexto familiar se faz necessário:

  • Evite tratar seu idoso como se fosse uma criança. Apesar de parecer em muitos momentos eles jamais serão crianças. A criança precisa de estímulos para se desenvolver o idoso para refratar cada dia a perda natural de suas faculdades já desenvolvidas;
  • Dê atenção ao seu idoso e comunique-se afetivamente.
  • Dedique tempo para ouvi-los. Apesar das repetidas e até cansativas histórias é o que eles têm na memória e precisam ser escutados;
  • Incentive-os em sua autonomia. Deixe-os realizar o que ainda são capazes e valorizem suas realizações;
  • Acompanhe-os no cuidado médico. Auxilio-os em suas dietas e medicações;
  • Encoraje-os a estarem com outras pessoas da mesma idade. A participarem de grupos sociais e programas de sociabilidade;
  • Curta esta fase da vida deles. Deixe-os perceber o quanto são amados por você filho e permita que os netos se aproximem deles;
  • Desenvolva juntos a espiritualidade no lar. Façam o culto doméstico, leiam juntos as Escrituras e orem juntos;

De igual modo a igreja precisa cuidar desta faixa etária como parte de sua missão.

  • Incentive os mais novos a se aproximar dos idosos na igreja local.
  • Proporcione momentos que una às crianças aos idosos. No mínimo esta experiência prazerosa liberará serotonina.
  • Promova momentos especiais de comunhão e mutualidade de cuidado;
  • Na escolha dos hinos para os momentos celebrativos introduza hinos que os faça lembrar de muitos momentos em que juntos louvaram a Deus com irmãos nos quais alguns já estão com o Senhor;
  • Permita que eles sirvam no que ainda são capazes de cooperar;
  • Visite periodicamente os que não podem mais vir aos cultos presenciais;
  • Lembre-os em seus momentos de honra á memoria dos que serviram tantos anos juntos;
  • Ore publicamente por eles e leve a igreja a fazer o mesmo;
  • Encoraje-os a servir no Reino ainda que seja de forma bem limitada;
  • Faça-os lembrar do fruto de suas vidas piedosas no serviço do Senhor;
  • Priorizem seus direitos e incentivem o respeito dos filhos a seus pais com elevada dignidade. A Escritura diz: “Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família,tem negado a fé, e é pior que um incrédulo”1 Timóteo 5:8. E, ainda no trato pastoral com estes diz Paulo: NÃO repreendas asperamente o ancião, mas admoesta-o como a pai; aos moços como a irmãos; as mulheres idosas, como a mães 1 Timóteo 5:1,2.  Estes certamente sendo bem cuidados poderão ainda produzir para o Reino de Deus e frutificar.

A guisa de conclusão se fará inevitavelmente necessário pensar e orar pelas implicações que todos: família, igreja e sociedade precisarão enfrentar com o aumento esperado desta população nos próximos 10 anos. Se fará urgente a elaboração de novas leis e a vigência das atuais para ampará-los em seus direitos sem tanta burocracia. A conscientização de toda população quanto ao cuidado e direitos do idoso. Viabilizar mecanismos mais rápidos para tratamento médico/hospitalar nos casos de urgência e internação quer pelos planos de saúde particular quer pelo sistema público SUS. Adotar e reforçar as medidas de prevenção como: Setembro amarelo, Outubro Rosa e Novembro Azul que atuam na conscientização e prevenção à doença.

Mas e nós? O que faremos como igreja do Senhor para promoção da maior qualidade de vida de nossos idosos? Que o eco do salmista descrito no Salmo 92: 12-15 nos sirvam como encorajamento para que busquemos em Deus a melhor forma de vê-los no endosso desta declaração tão gloriosa que diz:

“O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano.
Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus.
Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos Para anunciar que o Senhor é reto. Ele é a minha rocha e nele não há injustiça

Que o bondoso Deus encha nosso coração de amor ampliando nossa visão para esta realidade e dando-nos sabedoria nas ações de cuidado como família e igreja. que possamos vê-los frutificando para Deus sendo nós mesmos testemunhas desta grande e gloriosa experiência. Soli Deo Glória.

Referência:

Saúde mental segundo a oms – Pesquisar (bing.com) saúde mental acesso em 22 de junho de 2022 às 19:50h

Ciclo de vida familiar – Família – – O doente, a doença e a família (1library.org) acesso em 22 de junho de 2022 ás 20:00h

Pandemia e terceira idade – MundoPsicologos.com acesso em 22 de junho de 2022 às 20:27h.

https://www.bibliaonline.com.br › acf › 1tm › 5

https://www.bibliaonline.com.br › acf › sl › 92

www.bibliaonline.com.br/acf/sl/128

Comentários pessoais

 

 

Jose Alcione Pinto
Pastor e Psicologo 

 

 

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