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Trabalhadores estrangeiros no Reino Unido têm maior capacidade de manter seus empregos

Os trabalhadores nascidos no estrangeiro estão mostrando-se mais bem sucedidos do que os seus colegas britânicos quando se trata de preservar os seus empregos, segundo demonstra uma pesquisa realizada pelo "Financial Times".

A constatação foi feita no momento em que irrompem por todo o país as "wildcat strikes" (paralisações não autorizadas enquanto um contrato de trabalho está ainda em vigor) em pátios de construções devido à contratação de trabalhadores estrangeiros. Isso alarmará os políticos que temem perder terreno para o Partido Nacional Britânico, que é anti-imigração, e o Partido da Independência do Reino Unido, contrário à União Europeia, nas eleições para o Parlamento Europeu em 4 de junho.

Uma análise das estatísticas oficiais revela que o número de trabalhadores nascidos no Reino Unidos que se encontram empregados sofreu uma queda de 415 mil, ou de 1,8%, no primeiro trimestre deste ano, comparado a um ano atrás. Durante o mesmo período, o número de trabalhadores estrangeiros empregados aumentou em 129 mil, ou 3,5%. No primeiro trimestre deste ano, o índice de perda de emprego dos trabalhadores britânicos foi quatro vezes mais elevado do que o dos trabalhadores estrangeiros.

Na terça-feira (19), em um eco de uma disputa que irrompeu na refinaria Lindsey, da Total, centenas de trabalhadores da construção civil em vários canteiros de obras fizeram uma greve em protesto contra a contratação de 50 trabalhadores poloneses por uma empreiteira em um terminal de gás natural liquefeito em Milford Haven, no oeste do País de Gales.

A ação não oficial disseminou-se para a usina termoelétrica de Aberthaw, no sul do País de Gales, a usina Fiddlers Ferry, em Widnes, em Cheshire, e a refinaria ConocoPhillips Humber, no norte de Lincolnshire, perto da refinaria Lindsey.

A paralisação no terminal de South Hook, em Milford Haven, envolveu cerca de 50 trabalhadores que temem perder os seus empregos na segunda fase da construção. O terminal, uma joint venture da Qatar Petroleum, da ExxonMobil e da Total, foi criada oficialmente pelo governo uma semana atrás.

Paul Kenny, secretário-geral do sindicato GMB, acusou a Hertel UK, uma empreiteira holandesa, de desrespeitar um acordo escrito antigo que exige que as empresas utilizem trabalhadores locais em Milford Haven.

Mas David Fitzsimons, diretor-gerente da Hertel UK, afirma: "Para este projeto em especial nós procuramos contratar mão-de-obra local. Porém, apesar dos nossos esforços, não conseguimos encontrar pessoas qualificadas para trabalhar no início do projeto". O trabalho foi terceirizado para uma firma que também contrata mão-de-obra não britânica. Segundo a empresa, "trabalhadores locais qualificados serão contratados assim que forem identificados".

A sensibilidade do assunto ficou patente na análise do "Financial Times", que demonstrou que os trabalhadores nascidos na Índia, no Paquistão e na África obtiveram empregos no ano passado, enquanto diminuiu o número de trabalhadores nascidos nos Estados Unidos que se encontram empregados. A quantidade de trabalhadores nascidos em países da União Europeia praticamente não sofreu modificações. Neste grupo, diminuiu a quantidade de trabalhadores nascidos na Europa Ocidental, enquanto que aumentou o número daqueles nascidos nos oito países que acabaram de ingressar na união.

Mais ou menos a mesma quantidade de britânicos e estrangeiros encontra-se desempregada – um em cada 12 -, mas o desemprego entre os britânicos aumentou em 600 mil, ou 43%, nos últimos 12 meses, comparado ao aumento de 16 mil empregos, ou 15%, registrado entre os trabalhadores estrangeiros. Parte da divergência pode ser explicada pelo fato de os não britânicos deixarem o país quando fica difícil encontrar emprego.

Sir Andrew Green, diretor do grupo Migrationwatch UK, afirma: "Está cada vez mais claro que os trabalhadores estrangeiros estão apresentando um melhor desempenho do que os britânicos à medida que a recessão se agrava. Precisamos encarar este fato e tomar sérias medidas para tornar mais rígido o sistema de imigração baseado em pontos, a fim de beneficiar os trabalhadores britânicos".

Mas Sarah Mulley, do Instituto de Pesquisas sobre Políticas Públicas, afirma que o motivo pelo qual os trabalhadores estrangeiros têm apresentado um melhor desempenho é o fato de o sistema de imigração favorecer a seleção dos indivíduos com maior chance de serem empregados, e que tendem a trabalhar naqueles setores em que existe carência de mão-de-obra. "Não vi nenhuma evidência de que os patrões estejam demitindo trabalhadores britânicos por estes serem menos produtivos do que os estrangeiros", afirma Mulley.

John Philpott, do Instituto Chartered de Pessoal e Desenvolvimento, diz que os patrões acreditam que os migrantes sejam mais trabalhadores e compromissados. "Mas, caso este seja um fator real, é possível que o quadro mude no decorrer da recessão, caso os trabalhadores britânicos defrontem-se com a realidade".

 

UOL

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