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Seres humanos se tornam maior ameaça a guardas florestais nos EUA

Como fiscal de caça esportiva no estado do Colorado, Todd Schmidt tem um local de trabalho que é a fantasia dos funcionários de escritório no mundo todo: a estonteante paisagem das Montanhas Rochosas. Mas todos os dias, por baixo da camisa, ele também usa um lembrete do lado negativo: um colete à prova de balas.

“Ele também me deixa mais aquecido”, disse Schmidt, batendo no peito numa recente manhã no Parque Estadual Golden Gate Canyon, cerca de uma hora a oeste de Denver, enquanto os picos nevados da divisória continental cintilavam no horizonte.

Duas recentes ocorrências com guardas florestais _ um morto na Pensilvânia enquanto enfrentava um caçador ilegal, outro gravemente ferido depois de uma parada de trânsito no sul de Utah _ destacaram o que os “rangers” (como são chamados nos Estados Unidos) e os funcionários florestais dizem ser um fato inevitável. À medida que mais e mais pessoas vivem perto de florestas, parques e outras terras selvagens, é o animal humano, e não a variedade selvagem, que deve ser temido.

“Estamos observando um pouco mais da mancha urbana nos espaços selvagens _ violência da cidade no campo”, disse John Evans, chefe-assistente de operações policiais do Serviço de Parques Nacionais dos EUA.

Nesta época do ano, quando turistas dão espaço a caçadores, há uma conclusão da posição de Evans que faria empalidecer o mais seguro dos policiais urbanos: nestas florestas, as armas estão em toda parte.

“Eu sei que todos que eu confronto tem uma arma”, disse Schmidt, de 36 anos, que tem cinco anos no trabalho com a Divisão de Vida Selvagem do Colorado.

As armas também foram legalizadas em muitos parques nacionais neste ano, sob uma lei aprovada pelo Congresso em 2009. E muitos parques e áreas de recreação também sofreram cortes de pessoal nos últimos anos, reduzindo a presença de figuras de autoridade em patrulha. Porém, os guardas e funcionários florestais afirmam que a principal variável para definir seu trabalho não se alterou: graças às amplas distâncias a serem cobertas, especialmente no oeste, cada guarda trabalha sozinho.

Nos solitários e bonitos locais onde eles trabalham, saber quando se retirar, ou fugir correndo, é a Lição Número 1. Quinze funcionários florestais ou de parques foram mortos em serviço, a maioria por ferimentos à bala, desde 1980, segundo a Associação Norte-Americana de Guardas Florestais.

“Grande parte do trabalho é feita por instinto”, afirmou Jacob Dewhirst, de 26 anos, um guarda do Parque Estadual do Colorado que trabalha no oeste do estado, onde a verificação de licenças de caçadores e pescadores ocorre muitas vezes nos locais mais ermos.

Muitas agências florestais reagiram ao aumento dos perigos com novos equipamentos e treinamento. Desde 2007, os guardas de muitos parques nacionais foram equipados com armas de eletrochoque que podem imobilizar um possível agressor.

Schmidt tem um rifle AR-15 semi-automático em sua picape, e um computador que pode _ de maneiras nunca conhecidas pelos guardas de antigamente _ verificar a placa de um veículo antes da primeira abordagem do policial.

Mas guardas e fiscais também ocupam uma mistura de funções que, segundo eles, pode torná-los mais vulneráveis. Eles são embaixadores e gerentes de um recurso público, e a maioria possui experiência em algum aspecto das ciências naturais. Mas eles também têm uma autoridade policial completa, incluindo o uso de força letal quando necessário.

Evans descreve isso como uma dualidade: “Um sujeito bonzinho, preparado para um idiota que está pronto para me fazer mal”.

Para Schmidt, formado em biologia da vida selvagem, esse ato de compensação _ receptivo e desconfiado _ se resume em ter sempre uma rota de retirada desobstruída. Enquanto ele verifica um veículo ou fala com um caçador, a porta de sua picape fica sempre aberta, e o motor, ligado.
 

G1

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