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OPINIÃO: a Páscoa e a renovação do planeta nos tempos do novo coronavírus

A Páscoa de 2020 sem dúvida será bem diferente de todas já celebradas na história da humanidade. A pandemia do novo coronavírus, inevitavelmente mudou a rotina do planeta, superlotou hospitais, estrangulou o sistema público de saúde de grandes potências mundiais, sobrecarregou cemitérios e produziu um caos nas funerárias de países como Itália, Espanha e Venezuela. Mas como celebrar a Páscoa em meio a uma pandemia, que fez a terra parar, e que já ceifou mais de 100 mil vidas no mundo inteiro e infectou mais mais de 1,5  milhão de pessoas, das quais, mais de mil só no Brasil?

Voltando no tempo, vale lembrar que Páscoa tem origem na palavra hebraica “Pessach” que significa “passagem”. No Antigo Testamento, conforme o livro do Êxodo, o povo Hebreu celebrava a libertação da escravidão no Egito.  As famosas pragas que assolaram o Egito, vieram para quebrar a prepotência e o orgulho do faraó.

Para escapar do anjo exterminador, os Hebreus, tiveram que permanecer em suas casas, isolados, aguardando a noite turbulenta passar. O sangue do cordeiro posto nos  umbrais das portas, foi sinal da vida nova que iria brotar após a noite escura. Na aurora do novo amanhecer, eles partiram renovados, fortalecidos e esperançosos.

A épica travessia do Mar Vermelho, em que o povo hebreu passou a pé enxuto, em meio a duas colunas de água se se formaram, representou a vida nova e a saída da escravidão para a liberdade. Saída do sofrimento para o regozijo e o contentamento.

Com a vinda de Jesus, a Páscoa ganhou um novo significado. Agora a festa tão antiga, passou a significar a ressurreição de Cristo e a vitória da vida sobre a morte.O túmulo ficou vazio e a pedra foi removida. Jesus ressurgiu. As trevas cessaram. A luz da aurora do novo tempo  resplandeceu.

Em 2020 estamos diante de um cenário de dor, sofrimento e morte com a pandemia causada pelo Covid 19. Mas temos sim, inúmeros motivos para celebrar a Páscoa. Nesses tempos atribulados e de dificuldades, encontramos tantos sinais de vida nova brotando.  Um dos exemplos são os profissionais de saúde que tem se doado e com extrema dedicação e exaustão, lutando para conter o avanço do vírus. T

Nesse tempo tantas foram as correntes de solidariedade que se formaram e muitos estenderam as mãos para aliviar o sofrimento do outro, mesmo desconhecido como fez o Cirineu, ao carregar a cruz de Jesus. . Sem contar a preocupação com a vida dos semelhantes, o cuidado com os moradores de rua e a atenção especial para com os idosos, como fez Verônica ao enxugar o rosto do Senhor na via cruze dolorida. É Páscoa!. Como descrever o sorriso de uma criança nesse tempo de dor e a alegria de uma equipe médica comemorando a cura de alguns pacientes, após dias internados em um leito de hospital?

A verdade é que como os discípulos de Emaús, ainda estamos lento para crê, pois  já algumas semana, o medo tomou conta de nossas ruas e praças.  É preciso renovar a esperança e enxergar  além do que está ao nosso redor. A Páscoa está diante de nossos olhos. É Páscoa quando vemos pessoas  acolhendo  os doentes nos hospitais e estendendo a elas, os mantos de cuidado. É Páscoa quando em casa, redescobrimos a alegria de celebrar as coisas simples da vida em família ao redor da mesa. Ou quando vemos o pai brincando alegremente com o filho na simplicidade, em um gesto, que jamais seria feito na correria imposta pela excessiva carga de trabalho.

A vida parece mais bela  quando entoamos as cantigas de infância, que muitos já haviam esquecidos, e renovamos sentimentos adormecidos. São mares que se abrem em meio a fortes ventanias, e pedras de túmulos vazios que são removidas para fazer florir a vida e jorrar o óleo perfumado do Senhor.

Sem dúvida acredito que muitos sairão melhores dessa pandemia; mas fraternos,  humanos solidários e reconhecendo valores que antes, haviam se perdido na frenética correria do mundo moderno. Após a noite escura do coronavírus, vamos relativizar coisas que antes absolutizarmos.

Acredito que o mundo está sendo renovado em meio a dor de um vírus desconhecido, e que a comunidade científica luta para encontrar a forma de combatê-lo de forma eficaz. Com pouca gente nas ruas, no chamado isolamento social, a terra está se renovando e recuperando a sua fertilidade. Até os canais de Veneza ficaram límpidos e transparentes. Os rios estão menos poluídos, fontes cristalinas sendo renovadas e a natureza menos agredida. O meio ambiente já respira melhor. Com luta, esperança e fé em Deus, a vida ressurgirá com todo vigor. E podemos cantar a aurora feliz de um novo tempo.

Severino Lopes
PB Agora

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