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MP da Venezuela indica procuradores para investigar ataque à Globovisión

O Ministério Público da Venezuela encarregou dois procuradores de investigar a ação desta segunda-feira contra a sede do canal de TV Globovisión, alvo de um ataque com bombas de gás lacrimogêneo feito por homens armados, de acordo com imagens de vídeo divulgadas pela emissora crítica do presidente Hugo Chávez, que responsabilizou o governo pelos acontecimentos.

Segundo comunicado do Ministério Público, os procuradores Franklin Nieves e Dorys Daniela Marques já estão supervisionando uma série de ações tomadas por funcionários do Corpo de Investigação Científica, Penal e (CICPC), na sede da emissora.

 

Os procuradores vão pedir à Globovisión os vídeos dos ataques, registrados por câmeras de segurança do canal e pretendem ouvir funcionários da emissora e outras pessoas que aparecem nas imagens.

A ação aconteceu por volta do meio-dia, quando cerca de 30 pessoas chegaram de carro à sede de Globovisión na capital e, depois de ameaçarem os vigias com armas de fogo, entraram nas instalações, onde lançaram bombas de gás lacrimogêneo.

Os invasores agitavam bandeiras do UPV e usavam as boinas vermelhas que identificam os chavistas. Funcionários do canal disseram ter sido ameaçados com armas de fogo, e a Globovisión disse que um policial que vigia o local foi ferido.

O ataque aconteceu no mesmo dia, o governo assumiu temporariamente o controle de duas empresas de torrefação de café, as quais ameaçou nacionalizar.

O presidente da Globovisión, Guillermo Zuloaga, alvo de processos movidos pelo Ministério Público por "usura genérica", responsabiliza o governo pelo ataque.

"Só posso pensar que foi uma encomenda de Miraflores", disse o empresário, em referência ao palácio presidencial.

Mais cedo, o diretor do canal, Alberto Federico Ravell, disse que o grupo era formado por membros da agremiação chavista Unidade Popular Venezuelana (UPV), liderados pela conhecida ativista pró-Chávez Lina Ron. "Responsabilizamos o presidente pelo que aconteceu hoje. Levaremos as coisas às últimas consequências", disse o diretor, afirmando lamentar que "em plena luz do dia um grupo de partidários [do presidente] se aproxime do canal e o ataque".

"Este atentado já não é mais contra a liberdade de expressão, mas contra a vida das pessoas que aí trabalham", disse Ravell.

 

O ministro do Interior da Venezuela, Tareq El Aissami, condenou o que chamou de ação "criminosa" contra emissora e afirmou que os responsáveis serão levados à Justiça, porque o governo, segundo ele, "não aceita que a violência seja o instrumento para resolver nossas diferenças". A Globovisión mantém uma linha editorial de confronto com o governo de Chávez, um ex-líder golpista que chegou ao poder pelo voto há mais de uma década e diz liderar uma revolução socialista.

Para a oposição, Chávez está por trás de uma ofensiva judicial contra a Globovisión, a única TV aberta fortemente anti-Chávez que restou na Venezuela.

Chávez acusa as TVs Globovisión, Venevisión, RCTV e Televen de ter apoiado um golpe que o tirou do poder, brevemente, em 2002. Após as críticas, Venevisión e Televen adaptaram as coberturas; e a RCTV passou a ser um canal a cabo depois de ter a renovação de licença de funcionamento recusada pelo presidente, em 2007.

Neste fim de semana, o presidente da Globovisión, Guillermo Zuloaga, disse em entrevista à revista brasileira "Veja" que em 2002 não houve um golpe de Estado na Venezuela, mas um "vazio de poder", porque, segundo ele, o ministro da Defesa, general Lucas Rincón, tinha anunciado que o presidente renunciara.

No seu programa semanal, "Alô, Presidente", Chávez já chamou o proprietário da Globovisión, de "mafioso" e o acusou de praticar "terrorismo midiático". O empresário, por sua vez, diz ser vítima de perseguição política.

 

No mês passado, a Globovisión pagou uma multa de 9 milhões de bolívares (US$ 4,1 milhões) à Receita Federal do país por não ter declarado a divulgação de propaganda durante a greve dos empresários e dos sindicatos ocorrida de dezembro de 2002 a janeiro de 2003. O Seniat, organismo oficial de arrecadação venezuelano, considerou a propaganda doação e, portanto, sujeita a impostos. Outra multa no valor de 1,65 milhão de bolívares (cerca de US$ 767) pelo suposto uso indevido de antenas para transmissões ao vivo, em 2003, está sendo examinada pelo Tribunal Supremo de Justiça.

Há dois anos, Chávez não renovou a concessão da televisão RCTV, muito crítica ao governo. Recentemente, o governo Chávez reforçou medidas de controle sobre meios de comunicação privados ao fechar 34 estações de rádio e abrir inquéritos de irregularidades contra mais 120.
 

 

Folha Online

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