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Fidel Castro prova que está “muito vivo” e faz discurso no parlamento cubano

O líder cubano Fidel Castro completa 84 anos de idade nesta sexta-feira (13) e há pouco tempo voltou ao centro das atenções em Cuba, depois de retornar à vida pública centrado em sua "cruzada" para evitar uma guerra nuclear no planeta, mas sem mencionar assuntos de política interna.

Desde sua primeira reaparição pública, no início de julho, Fidel esteve presente com frequência na mídia cubana com contínuas reuniões, visitas, artigos ou entrevistas na televisão.

Também compareceu à Assembleia Nacional em uma sessão extraordinária solicitada por ele mesmo e teve tempo de apresentar um livro de quase 900 páginas com as memórias de seus tempos de guerrilheiro na Sierra Maestra.

Fidel se declarou "totalmente" recuperado da grave doença que em 2006 o levou a ceder a Presidência a seu irmão Raúl e voltou a vestir-se de verde-oliva, abandonando o casaco esportivo com o qual foi fotografado enquanto estava doente.

Suas aparições foram muito calculadas e a maioria foi divulgada pela televisão estatal ou pelo site "Cubadebate", com exceção de seu discurso de 7 de agosto no Parlamento cubano, com acesso à imprensa foi permitido, inclusive a estrangeiros e a outros convidados como diplomatas.

Fidel apresenta um bom aspecto, mas entrou e saiu do plenário caminhando devagar com o braço dado a um assistente. O líder cubano fez um breve discurso de 12 minutos de pé e o passou o restante da sessão sentado.

Em todo caso, o surpreendente retorno do ex-presidente da ilha gerou desconcerto e teorias sobre o alcance de sua influência e o real papel que desempenha na direção do país.

Por enquanto, o homem que governou Cuba durante quase 50 anos só tem falado de temas internacionais: sua preocupação recorrente é a "ameaça" à humanidade se os Estados Unidos provocarem uma guerra nuclear por seu conflito com o Irã.

Fidel chegou a propor uma mobilização global para convencer o presidente americano, Barack Obama, a não atacar o Irã e evitar, assim, a suposta guerra nuclear.

O próprio Fidel também segue tentando unir adeptos de outras partes do mundo para sua campanha: em um novo artigo em sua coluna "Reflexiones", publicado na quinta-feira, convida o ex-candidato à Presidência do México Andrés López Obrador a somar-se à causa.

Outro dos temas favoritos em seu retorno público – também com os EUA e Obama como protagonistas – é a exigência que sejam libertados os cinco cubanos condenados por espionagem que estão em prisões americanas, que são conhecidos na ilha como "cinco heróis".

Em seus discursos, não fez referência alguma a assuntos de política interna, o que leva observadores e analistas a defenderem a teoria de que os irmãos Castro dividiram os papéis para "conviver institucionalmente" sem interferências mútuas.

A quem sugere a possibilidade de diferenças na cúpula do regime, o presidente Raúl Castro se encarregou de defender que existe unidade na direção da Revolução, como disse em seu discurso no Parlamento no dia 1º de agosto.

Após seu chamativo silêncio no Dia da Rebeldia Nacional, em 26 de julho, o discurso público de 1º de agosto foi o primeiro do general Raúl, de 79 anos, em vários meses.

Sua presença na mídia cubana é consideravelmente menor que a de seu irmão Fidel, que monopoliza capas de revistas e as aberturas dos telejornais.

Enquanto isso, os cubanos seguem enfrentando como podem a crítica situação econômica de um país que tem que importar 80% de seus alimentos e que segue sufocado pela falta de liquidez.

Os cubanos também esperam a concretização das últimas medidas anunciadas por Raúl para aumentar o trabalho por conta própria e, portanto, o aumento de pequenos negócios na ilha.

No entanto, o presidente não anunciou o tempo que precisa para empreender o que a retórica oficial chama de "atualização do modelo socialista", para evitar o termo "reformas".

E por falar em tempo, aos seus 84 anos, Fidel disse ter o desafio de tentar decifrar seus enigmas, em uma entrevista a jornalistas venezuelanos no domingo, em Havana.

"Eu tenho que reunir-me com algum físico para que me explique o conceito do tempo, porque é que eu não entendo (…) o que é o tempo?", se perguntou.

"O tempo é uma invenção do homem, é o espaço entre fatos diferentes, assim foi inventado o tempo; mas quando começou o tempo? Seria preciso explicar isso. É tudo muito complicado", disse.

Fidel Castro continua sendo o primeiro-secretário do governante Partido Comunista de Cuba e é deputado da Assembleia Nacional.
 

 

 

UOL

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