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Cem dias após golpe, crise de Honduras entra em semana crucial para diálogo

Exatos cem dias após a retirada de Manuel Zelaya da Presidência de Honduras, a crise política instaurada no país entra em uma semana crucial com a chegada da missão de chanceleres da OEA (Organização dos Estados Americanos) que vai mediar uma mesa de negociação entre as partes e tentar ultrapassar os obstáculos que levaram ao fracasso dos esforços de negociação do presidente da Costa Rica, Oscar Arias.

 

O diálogo entre representantes do presidente deposto e do governo interino liderado por Roberto Micheletti será realizado com base na agenda já apresentada por Arias em seu Acordo de San Jose, documento que prevê a restituição de Zelaya sob uma coalizão de governo.

 

Víctor Rico, secretário de Assuntos Políticos da OEA, ressaltou neste domingo que aceita modificar o acordo para destravar o diálogo com o governo interino, que se recusa a aceitar qualquer proposta que obrigue a restituição de Zelaya.

A missão não será fácil. Micheletti afirma que o retorno de Zelaya ao poder não é negociável e que este deveria ser preso por supostamente violar a Constituição do país ao tentar abrir caminho para a sua reeleição.

Zelaya, que se refugia com a mulher e dezenas de aliados na Embaixada Brasileira em Tegucigalpa, cercada por militares e policiais, disse neste fim de semana que aceita modificações do acordo –mas alertou que não abre mão de sua restituição ao poder.

"É um ponto [a restituição] que até o momento travou a possibilidade de um acordo, mas a missão se trata de gerar condições que permitam resolver essas divergências que persistem", disse Rico, que está em tegucigalpa preparando a viagem da missão da OEA.

O diálogo será mediado por dez chanceleres e o secretário-geral da OEA, Jose Miguel Insulza, que planejam chegar a Tegucigalpa na próxima quarta-feira (7) com a esperança, afirma Rico, de que desta vez haja uma solução a crise.

Condições

Neste fim de semana, Zelaya pediu ao governo interino que revogue o decreto do último dia 27 que estabelece estado de sítio no país como medida crucial para iniciar uma nova rodada de diálogo.

Zelaya vinculou ainda o início da nova rodada de negociações ao fim do cerco das forças de segurança à Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado desde que voltou, clandestinamente, ao país, em 21 de setembro.

 

O presidente deposto insiste que, para iniciar um diálogo sincero, o governo Micheletti deve cumprir ainda com outras condições essenciais. Uma destas condições é que sejam reabertos a rádio Globo e o canal 36 de televisão, os únicos dois meios de comunicação que mantinham uma clara oposição ao golpe de Estado de 28 de junho e que foram fechados pelo governo na segunda-feira passada (28).

Outra exigência, segundo Zelaya, é que se retire o cerco militar à embaixada brasileira, onde, segundo ele, "nos mantêm reclusos como em um campo de concentração".

Zelaya também quer escolher as pessoas de sua equipe que participarão no diálogo, o que é dificultado pelo fato de que os membros de seu gabinete estão proibidos de entrar na representação diplomática do Brasil em Tegucigalpa.

Já Micheletti, que afirmou que o Acordo de San Jose pode sofrer mudanças para ficar "aceitável", disse no fim de semana que está trabalhando pelo diálogo. "Estamos praticando e vamos nos sentar e dialogar, não tenham a menor dúvida disso", disse o presidente interino, ressaltando que mantém o calendário para as eleições de 29 de novembro.

 

Folha

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