Uma Copa Paraíba fadada ao fracasso. Com meros três times na disputa pela segunda vaga do Estado para a Copa do Brasil. Apenas o Treze disputando uma competição nacional. E em meio a uma decisão judicial que o garantiu na Série C do Campeonato Brasileiro. Os fatos falam por si só. O futebol paraibano vive momento questionável, talvez decadente.
Na Série D, foram dois representantes. Campinense e Sousa até fizeram bonito nos seus respectivos grupos. Classificaram-se com números contundentes. Mas não foi o suficiente para garantir o acesso. Ambos foram eliminados pelo Baraúnas. Em sequência, com o Dinossauro caindo nas oitavas-de-final e a Raposa na fase seguinte.
Em uma comparação simples, levando em consideração os outros estados nordestinos, a situação da Paraíba só não é pior que a de Sergipe e do Piauí. Enquanto o Itabaiana foi o único representante sergipano, com participação breve na Série D, o Piauí não teve nenhuma equipe disputando competição nacional na atual temporada.
– A conjuntura do futebol paraibano, porque não dizer do futebol brasileiro, em geral, é muito preocupante. A maioria dos times sofre com a falta de um calendário definido. Isso acaba dificultando na hora de trazer reforços, de manter uma base para a temporada seguinte, porque os contratos geralmente são feitos de acordo com os campeonatos. Acho que isso é evidenciado quando vimos apenas o Treze em evidência no momento – disse o gerente de futebol trezeano, Josimar Barbosa, mais conhecido como Joba.
Para se ter uma ideia da fase complicada que vive o futebol paraibano, o estado de Alagoas, que é bem menor em termos de área e população, tem dois times na Série B do Campeonato Brasileiro. CRB e ASA não fazem campanhas excepcionais, mas não estão na zona de rebaixamento.
Sem contar a década de 80, quando o Brasileiro era disputado em formato diferente e contava com a presença dos paraibanos na elite, 2008 trouxe boas perspectivas. Depois de um acesso histórico, o Campinense chegava à Série B bastante empolgado. E o Treze como um dos postulantes ao título da Série D.
Na prática, porém, foi tudo diferente. A Raposa foi ‘saco de pancadas’ e logo teve sua queda decretada. Com antecedência e sem piedade. Fruto de um planejamento mal feito, que contou com a vinda de vários treinadores, um caminhão de jogadores chegando e outros saindo, até recorrer ao velho conhecido Freitas Nascimento, que nada pôde fazer. Já o Galo conquistou apenas oito pontos, em seis jogos realizados, e ficou pelo caminho na fase inicial.
Segundo o presidente do Botafogo-PB, Nelson Lira, o retorno das competições regionais já traz novas perspectivas para os clubes paraibanos. Ele sugere um novo modelo de disputa para as quatro divisões, com algumas alterações. E lembra que o Belo foi injustiçado. Pelo tempo e por decisões da Confederação Brasileira de Futebol.
– O Botafogo nunca foi rebaixado de divisão. Sempre fomos caindo por viradas de mesa, a ponto de hoje não termos mais vaga assegurada em nenhuma divisão. Mas vejo uma provável evolução, principalmente com a volta da Copa do Nordeste, que poderia dar vagas para o Brasileirão. Por exemplo: os três primeiros do Campeonato do Nordeste disputariam a Série A; os seis seguintes iriam para a Série B; os demais ficariam nas séries C e D. E isso aconteceria também nas outras regiões. É a forma de termos verdadeiramente um Campeonato Brasileiro.
As constantes mudanças e a criação de divisões trouxeram números desproporcionais para o futebol brasileiro. Entre os 100 clubes que estiveram nas quatro divisões do Brasileirão 2012, 52 estão concentrados em apenas seis estados. Além da Paraíba, outros 10 estados (Amazonas, Rondônia, Roraima, Maranhão, Tocantins, Amapá, Piauí, Sergipe, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo) não contam com nenhum participante nas séries A, B e C.
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