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OPINIÃO: o legado de Paulo Freire e a ignorância de Abraham Weintraub

A história é constituída por alguns homens que transcenderam o seu tempo, criaram teorias revolucionárias e tiveram pensamentos e visão além do que normalmente os humanos conseguem alcançar. Um desses pensadores contemporâneos que ultrapassou a barreira do preconceito, rompeu com os muros da opressão e mostrou como a educação pode se transformar em um eficaz instrumento de libertação, foi o escritor e educador pernambucano Paulo Reglus Neves Freire, ou simplesmente, Paulo Freire.

Paulo Freire mostrou ao mundo a educação como ferramenta emancipatória e ligada a cidadania e a liberdade, Sem dúvida, foi o homem que impactou a história do país; a forma de pensar a educação e inspirou inúmeros educadores, podendo ser comparado aos grandes pensadores da história como Lev Semionovitch Vigotski, que foi um pensador soviético perseguido e censurado pelo regime stalinista, que produziu uma das mais célebres contribuições à psicologia no século; o psicólogo suíço Jean William Fritz Piaget, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX e a psicóloga e pedagoga argentina Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi.

Nos últimos dias, inexplicavelmente as obras, a trajetória, a memória e a vida de um dos maiores pensadores do mundo moderno, tem tido brutalmente atacada pelo ministro da Educação Abraham Weintraub. Partiu do ministrou “pérolas” como “Paulo Freire e kit gay não têm vez”, “Feio, fraco e não tem resultado positivo”. Pasmem!

Desconhecer o legado desse nordestino e sua importância para a educação brasileira, é estupidez, burrice e ignorância. Paulo Freire, ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. O educador também é símbolo de luta e resistência. Ele foi preso em 1964, viveu no Chile durante exílio e percorreu diversos países, levando seu modelo de alfabetização, tendo voltado ao Brasil em 1979 com a publicação da Lei da Anistia. Um homem com essa trajetória que cravou o seu nome na história pode ser apagado como se nunca tivesse existido?

Talvez Abraham Weintraub tenha tratado com desdém e indiferença Paulo Freire, por desconhecer o valor e o potencial da pasta que ele próprio comanda, e por cultuar o pensamento retrógrado dos grandes opressores do mundo. Paulo Freire mostrou para o mundo que as grandes transformações de um país só serão realizadas por meio da educação, com livros e inteligência e nunca pela força das armas nem da truculência. Talvez o ministro nunca tenha se apropriado da educação como instrumento que liberta, ou mesmo, tenha desferido ataques ao educador nordestino, por comungar com o pensamento de um governo que defende princípios ditatoriais, o preconceito e o apartheid social.

Atacar a memória do andarilho da utopia” autor de obras como “Pedagogia do Oprimido”, “Educação como prática da liberdade”, e “Pedagogia da autonomia”, é desferir um golpe violento em todos aqueles brasileiros e brasileiras, que um dia foram libertos das correntes da opressão, por meio da educação.

Severino Lopes

PB Agora

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