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Tempo de permanência do cliente nas sex shops passa de 1 para 9,8 minutos

À medida que caem tabus, crescem novos negócios. O mercado de produtos eróticos e sensuais é uma das provas disso. Há 20 anos, o período médio de permanência de um cliente dentro de uma sex shop era de um minuto. Entrava-se correndo – e de preferência com discrição –, comprava-se apenas o necessário, sem fazer perguntas, o pagamento era com dinheiro e rapidamente o cliente estava fora da loja e daquela situação supostamente vexatória.

 

Hoje, duas décadas depois, o cliente, em média, passa 9,8 minutos dentro do estabelecimento, até faz uma pergunta ou outra. Compra, em geral, cosméticos, acessórios, vibradores, usa o cartão de crédito e sai – com mais tranqüilidade e menos vergonha. Um tremendo avanço que ainda deixa o Brasil longe de outros mercados mais amadurecidos, como o norte-americano, em que 20% da população afirma utilizar produtos eróticos – por aqui, os compradores assumidos ainda são 17%.
É neste cenário em que Paula Aguiar, presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico (Abeme), está acostumada a trabalhar. “Eu já vi gente em Mato Grosso, com calor de 40 graus, de casaco, óculos e chapéu dentro da sex shop. Ainda tem muito preconceito”, diz.
A Abeme é uma das organizadoras da Erótika Fair 2014, que acontece no Centro de Exposições Imigrantes em São Paulo (SP), desta esta quinta-feira (27) até domingo (30). Lá, o visitante poderá conhecer e experimentar produtos, fazer cursos e assistir a shows sensuais. Paula espera receber 50 mil pessoas no evento.

 

Entre as principais empresas com estandes na feira, está a Intt, que traz nessa edição 20 lançamentos. As vendas da fabricante cresceram 35% em 2013. “O ano passado foi um pouco tumultuado e mesmo assim conseguimos um bom resultado”, conta Alessandra Seitz, diretora da Intt. “Estamos na expectativa.”
Especializada nos cosméticos eróticos e nos produtos de conforto para a mulher (como lubricantes e desodorantes íntimos), a empresa traz como grande lançamento do evento o Orgastic. Feito com matéria-prima francesa, Alessandra diz que o produto promete ser o Viagra feminino. “O produto vai estar disponível para as clientes provarem da nossa tecnologia”, conta. Também estão em pauta o hidratante vaginal e o desodorante íntimo.

 

Os cosméticos são especialidade das empresas brasileiras. Paula, da Abeme, arrisca dizer que o País é um dos mais importantes fabricantes e desenvolvedores desses produtos. “Nós queremos conhecer novos orgasmos. O Brasil é fora de série em cosméticos”, afirma.
Na expectativa da onda dos 50 tons de cinzaTodo esse esforço vem para atender um mercado crescente, daquelas pessoas que estão perdendo a vergonha de buscar o próprio prazer. O ritmo de vendas, que disparou após o lançamento do filme "De Pernas para o Ar", já dá sinais de acomodação.

 

Das sex shops em funcionamento no Brasil, 66% foram abertas entre 2011 e 2013, período em que o filme ainda repercutia nas mídias. A maior parte desses negócios fatura pouco: 64% deles ainda estão na faixa dos R$ 36 mil ao ano.
Agora, Paula conta com o lançamento do filme do best-seller “50 tons de cinza”, de E.L. James. “Infelizmente o preconceito ainda é grande, então dependemos um pouco dessas ondas para manter o mercado ativo”, explica a empresária, que lança, neste ano o livro “ABC Erótico – O dicionário do sexo”. “Todos se viram com vontade de ler literatura erótica, mas muita gente não sabe o que é bondage, sadismo, entre outros termos. Por isso, criei um dicionário para consulta.”
Leia também: Mercado erótico exige criatividade de empresários

 

A Loja do Prazer, que tem o maior estande da feira, montou um espaço de 680 metros quadrados para atender clientes finais, varejistas que compram por atacado e também profissionais do ramo. “Incluímos também os livros na feira neste ano. Vamos disponibilizar dez títulos com participação de todos os autores”, conta Mariana Blac, testadora de produtos eróticos e gerente de comunicação da loja.
Mariana conta que a linha sado-masoquista passou a ser mais procurada após o lançamento do “50 tons de cinza” em português. “O que acontece na maioria dos casos é que essas obras de ficção apresentam ao cliente novos produtos. As pessoas são muito carentes de informação.”

Neste ano, a Erótika Fair jogou fora o conceito de pornografia em favorecimento do bem-estar sexual. Sexo é uma questão de saúde física e mental para profissionais que atuam no setor como Paula, da Abeme, e Martin Konig, diretor da Qualy Fun. A empresa, que fabrica preservativos e lubrificantes, pretende popularizar os anéis penianos colocando-os à disposição em farmácias.

 

“É um produto de baixo valor agregado que interessa pouco aos lojistas de sex shops”, diz. A Drogaria Iguatemi foi a primeira rede de farmácias a fechar contrato com o fabricante. “Nos Estados Unidos e na Europa já é comum esse produto aparecer na prateleira de produtos para controle familiar”, diz Konig. “Aqui é uma questão de tempo.”A Qualy Fun também está em exposição no evento, trazendo o anel peniano com bigodinho, embarcando na moda que chegou aos acessórios femininos, como anéis e colares. “Você não encontra um produto chinês de R$ 5 com um design divertido como este”, diz Konig.

 

IG

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