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TelexFree trabalha para devolver dinheiro

 O diretor de marketing da TelexFree, Carlos Costa, divulgou às 22h35 de segunda-feira um vídeo na página da filial brasileira no Facebook. Com o pomposo nome de "Plantão TelexFree" para marcar o tom urgente da "notícia", Costa prometeu "elucidar", ponto a ponto, todos os questionamentos feitos pelo programa Fantástico, da Rede Globo, na noite de domingo, que apresentou o histórico da empresa, acusada de formação de pirâmide financeira no Brasil e nos Estados Unidos.

Em 19 minutos e 17 segundos, Costa tentou mostrar a TelexFree não é uma pirâmide financeira e que o trabalho em equipe é que permite o sucesso na venda de pacotes dos serviços de VoIP (voz sobre Protocolo de Internet). Segundo ele, a empresa não tem qualquer tipo de reclamação. Ela vende pacotes no atacado, e não há vítimas porque a empresa não opera produtos financeiros: a relação com o divulgador é de compra e venda. "Não somos poupança ou aplicação. O divulgador compra no atacado para revender", diz Costa. "Somos mal interpretados."

‘Mutirão’ – O programa da Rede Globo entrou na sede da empresa em Vitória, no Espírito Santo, e encontrou uma equipe trabalhando normalmente – o que seria um descumprimento à decisão judicial. Mas, segundo Costa, o que foi mostrado era um "mutirão da devolução" (o que ele reafirmou duas vezes no vídeo), única maneira de devolver o dinheiro aos chamados divulgadores. "Prometi e estamos cumprindo à risca. A empresa não está descumprindo a sentença, ok?!"

Em dois momentos da gravação, Costa apresenta dados de auditoria da Receita Federal do Brasil para mostrar que 96% do faturamento da TelexFree vem dos serviços de VoIP, ao contrário das investigações que mostraram que apenas 1% vem da venda do seu principal produto. No final do 37º Plantão, Costa é categórico: "A empresa vai voltar mais forte ainda."

Seu último vídeo data de 6 de maio, quando ele foi obrigado a comparecer a uma reunião com perícias de uma consultoria que avalia a viabilidade econômica da empresa. Antes das investigações esquentarem nos EUA, Costa costumava postar vídeos do "Plantão TelexFree" quase semanalmente. As críticas dos divulgares à empresa estão cada vez mais duras e as pessoas pedem o dinheiro de volta.

Costa é um dos poucos líderes da empresa que não foi condenado ao crime de pirâmide financeira nos Estados Unidos, onde as investigações já estão em estágio mais avançado que no Brasil. No dia 9 de maio, o fundador da empresa, James Merrill, foi preso nos Estados Unidos e teve seu pedido de pagamento de fiança e liberdade rejeitado pela Justiça do país na última sexta-feira. Um novo julgamento sobre sua liberdade provisória será feito nesta terça-feira. Enquanto isso, seu sócio na empresa, Carlos Wanzeler, está foragido e a polícia americana acredita já esteja no Brasil, para onde fugiu em meados de abril, antes de ter sua prisão decretada.

Outros seis integrantes da TelexFree nos EUA estão sendo investigados por sua participação na empresa que é acusada de praticar crimes financeiros, em um esquema insustentável de pirâmide financeira que levantou 1 bilhão de dólares no mundo. Carlos Costa só se livrou das acusações porque vendeu sua participação de 30% na empresa americana anos atrás, mas continuou como líder da filial brasileira.

Cenário – Os bens da TelexFree foram bloqueados pela Justiça de Massachussetts no mês passado e o diretor financeiro da empresa, Joseph Craft, foi pego tentando fugir com inúmeros cheques no valor de 38 milhões de dólares destinados aos donos da TelexFree nos EUA, James Merrill e Carlos Wanzeler (Carlos Costa afirma que os cheques estavam sendo levados para perícia nos EUA). Segundo a procuradora Carmen M. Ortiz, que assinou parecer sobre o caso, o escopo da suposta fraude "é de tirar o fôlego". "Esses réus planejaram um esquema que captou centenas de milhões de dólares de pessoas que trabalham duro no mundo todo."

A filial brasileira está sob investigação desde o ano passado por prática de pirâmide no Brasil, com os bens bloqueados e impedida de funcionar por uma decisão da Justiça do Acre. Ela foi recentemente condenada pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, órgão da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon/MJ) a pagar uma multa de 5,59 milhões de reais por operar "esquema financeiro piramidal", que é crime contra a economia popular no Brasil.

 

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