A crise provocará US$ 4,1 trilhões em perdas nas instituições financeiras americanas, europeias e japonesas, informou o FMI (Fundo Monetário Internacional) no "Global Financial Stability Report" ("Relatório sobre Estabilidade Financeira Global", em tradução livre), divulgado nesta terça-feira.
Hoje, a entidade previu que as reduções nos valores dos títulos originados nas instituições bancárias dos Estados Unidos ligados a papéis de risco, como hipotecas "subprime", entre 2007 e 2010 devem chegar a US$ 2,7 trilhões. Em janeiro, a estimativa era de uma redução de US$ 2,2 trilhões e, em outubro, de US$ 1,4 trilhão.
"Embora os bancos devam arcar com cerca de dois terços das reduções, outras instituições financeiras, incluindo fundos de pensão e companhias de seguros também sofreram exposição significativa de crédito", diz o documento. Segundo o FMI, apesar de algumas melhoras nos mercados de crédito interbancário terem sido registradas, o sistema financeiro mundial continua sob "graves tensões".
Segundo os cálculos do organismo, os bancos americanos e europeus precisam de US$ 875 bilhões para voltarem ao nível de endividamento de antes da crise. Para a entidade, os governos devem injetar capital nos bancos e inclusive nacionalizá-los, já que as instituições se veem incapazes de captar dinheiro privado nas condições atuais dos mercados.
"A transferência provisória ao Estado pode ser necessária, mas unicamente com a intenção de reestruturar a instituição e devolvê-la a mãos privadas o mais rápido possível", afirma o relatório.
Para o Fundo, já não se trata apenas dos problemas pelos ativos hipotecários americanos, lembrando que a recessão piorou as contas dos bancos "em meio a uma queda ininterrupta do valor dos ativos" e fazendo com que evitem conceder empréstimos.
De acordo com o fundo, o volume de crédito total pode cair nos EUA, no Reino Unido e na zona do euro no curto prazo, e demorará anos para se recuperar.
Ao mesmo tempo, o FMI alertou para a aparição de um "protecionismo financeiro" prejudicial, manifestado na pressão das autoridades para que os bancos dirijam seus empréstimos ao mercado nacional e para que os consumidores mantenham a despesa dentro das fronteiras.
A crise financeira adquiriu uma nova frente com sua chegada súbita aos países em desenvolvimento, um fenômeno para o qual o Fundo pediu "atenção urgente".
Segundo o organismo, em vez de receber capital estrangeiro, os mercados emergentes "exportarão" dinheiro neste ano pela saída de bancos e investidores de suas fronteiras.
A debandada coloca esses países em uma posição delicada, pois precisarão de US$ 1,8 trilhões em 2009 para refinanciar sua dívida, principalmente para o setor privado.
Folha Online