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Investidor estrangeiro começa a voltar ao Brasil, atraído por juros mais altos

 Os investidores estrangeiros estão voltando ao Brasil, de olho nos ganhos com a alta da taxa de juros. Em janeiro, eles haviam retirado dólares do País, em meio à turbulência nos mercados emergentes com as decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e diante da perspectiva da redução da nota de crédito brasileira pelas agências de classificação de risco. Os dados de fevereiro mostram uma mudança no humor dos investidores.

 

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A entrada de dólares superou a saída em US$ 318 milhões no acumulado de fevereiro até sexta-feira da semana passada, informou o Banco Central (BC). O resultado parcial do mês fez com que o fluxo acumulado em 2014 ficasse positivo em quase US$ 2 bilhões, resultado bem distinto do mesmo período do ano passado, quando US$ 4 bilhões deixaram o País.

 

O ingresso de dólar está se dando pela chamada conta financeira, pela qual são registrados os investimentos estrangeiros diretos (em produção), as aplicações em carteira e as remessas de lucros e dividendos. Até sexta-feira, entrou por esse canal US$ 1,72 bilhão. Em janeiro, a conta financeira contribuiu só com US$ 19 milhões para o saldo de US$ 1,6 bilhão.

 

Apesar do quadro de desconfiança dos investidores internacionais em relação à economia brasileira, principalmente pela piora das contas públicas e pela dependência cada vez maior de recursos externos, especialistas afirmam que o mercado já assimilou boa parte do impacto de uma possível revisão para baixo da nota do País por agências de classificação de risco.

 

Retorno. Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, antes mesmo da decisão da Standard & Poor’s e seja ela qual for, os preços dos ativos brasileiros foram se desvalorizando e ficaram muito atrativos para os investidores. "Os mesmos que deram orientação para sair do Brasil vão recomendar comprar assim que a S&P se pronunciar sobre o País, para o bem ou para o mal."

 

Um dos sinais da melhora das expectativas de investidores em relação ao Brasil é percebido pela queda de 11,5% no mês até agora dos Credit Default Swaps (CDS), papel que serve como "seguro" contra eventual calote do País. Em janeiro, com a deterioração da situação cambial argentina, o CDS de referência que vence em cinco anos tinha subido quase 11%, como mostrou o Estado.

 

Uma das explicações para o aumento do interesse pelo País é o fato de que, como lembrou anteontem o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, o processo de alta da taxa de juros começou bem antes do de outras economias emergentes. André Perfeito calcula que o real oferece 0,87% ao mês de juros, três vezes acima da taxa do México, nas operações de investimento em que o investidor toma um empréstimo em um país que tem juros baixos e investe os recursos em outro que possui juros altos (carry trade).

 

 

Além da alta de 3,25 pontos porcentuais nos juros básicos do País nos últimos 12 meses, o economista Antonio Madeira, da LCA Consultores, afirma que a diferença entre o resultado das primeiras semanas de 2013 e as de 2014 também se deve ao cenário econômico internacional distinto e aos impostos cobrados sobre investimentos no País naquele momento.

 

Apesar de haver agora "alta probabilidade" de rebaixamento da nota brasileira, segundo ele, o risco já está em boa parte "precificado". "Por isso, o fluxo cambial está mais estável."

Estadão

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