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Grandes bancos emprestam menos, mas lucro cresce em 2013

 Depois de amargarem queda no lucro em 2012, os grandes bancos de capital aberto conseguiram expandir seus resultados no ano passado após concentrarem esforços na melhora da qualidade de seus ativos. Além de adotarem um olhar mais seletivo para seus clientes na hora de emprestar, priorizando créditos menos arriscados, essas instituições focaram na recuperação de créditos vencidos. A estratégia gerou melhores safras de crédito, mas ainda assim os bancos seguem conservadores quanto à expectativa de avanço do crédito em 2014.

Juntos, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil anunciaram lucro líquido de R$ 45,6 bilhões em 2013, aumento de 14,3% ante 2012, cerca de R$ 40 bilhões, quando o lucro caiu 3,5% ante o ano anterior, conforme levantamento da Austin Rating feito a pedido do Broadcast. "O ano de 2013 foi razoável tanto para economia brasileira como para os bancos. Para 2014, os bancos terão de acreditar no crédito que não cresceu muito no ano passado para expandir seus resultados", avalia Erivelto Rodrigues, presidente da Austing Rating.

 

No quarto trimestre, os lucros dos grandes bancos também foram maiores embora com crescimento mais modestos que nos números anuais. No critério recorrente, o lucro de Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e BB somou R$ 10,649 bilhões, aumento de 4,9% ante o último trimestre de 2012. Já no conceito ajustado, que considera itens extraordinários, foi a R$ 12,313 bilhões, 2,7% superior.

 

No entanto, em termos de crédito, o crescimento, conforme analistas do mercado já previam, segue avançando abaixo dos patamares históricos. Apesar de desacelerar a oferta de recursos, o Banco do Brasil seguiu como o player com maior apetite no crédito. Os empréstimos da instituição foram a R$ 692,915 bilhões, elevação de 6,2% ante setembro e de 19,3% em um ano.

 

"O banco apresentou em 2013 um crescimento sólido, com desempenho bom e de qualidade, que ficou evidente na queda dos indicadores de inadimplência", afirmou Aldemir Bendine, presidente do BB, em coletiva de imprensa, embrando que o lucro de R$ 15,8 bilhões registrado no ano passado foi recorde na história do sistema, inflado pela venda das ações da BB Seguridade.

 

Do lado dos pares privados, o Itaú apresentou a maior alta no crédito, de 11,7% em 2013. Bradesco veio em seguida com 10,8%, um pouco abaixo da sua meta, de 11% a 15%. O espanhol Santander teve a menor expansão de crédito, de 9,3% em 2013 frente ao ano anterior. Quando avaliado o desempenho por setores, os maiores crescimentos foram identificados nas carteiras com garantias, principalmente, de imobiliário e consignado (com desconto em folha) enquanto linhas mais arriscadas, como cheque especial, empréstimo pessoal e veículos, encolheram.

 

Com todos os bancos mirando os mesmos segmentos, a concorrência em créditos menos arriscados cresceu e pressionou as margens. No BB, por exemplo, a expansão do consignado, foco do banco, foi de apenas 10,6%, bem abaixo dos concorrentes privados, em parte por conta da base comparação. Itaú expandiu sua carteira em 66,6%, Bradesco em 29,0% e Santander que reduziu sua carteira em 3,6% está estruturando seus canais externos para voltar a emprestar mais neste segmento.

 

Para 2014, as metas de crescimento do crédito seguem ainda mais conservadoras. O BB anunciou hoje que espera que o crédito avance de 14% a 18% ante projeção de 2013 de aumento de 17% a 21%. Nos bancos privados não foi diferente. Itaú é o mais conservador e espera que sua carteira cresça até 13%. O teto do Bradesco é de 14% enquanto Santander espera alcançar os dois dígitos de expansão neste ano.

 

Inadimplência. Do lado da qualidade dos ativos, a melhora foi vista em todos os players privados. O BB reduziu os calotes no ano, mas vem apresentando deterioração da sua carteira. Bendine, porém, garante que a tendência é de estabilidade com possível melhoria ao longo de 2014 a despeito da avaliação de analistas do mercado. Ao final de dezembro, a inadimplência do BB, considerando atrasos acima de 90 dias, ficou em 1,98% ante 1,97% em setembro.

 

Para Carlos Macedo, Marcelo Cintra, Carolina Yoshimoto e Luis R. Cruz Jr., do Goldman Sachs, a qualidade dos ativos do BB indicam "sinais mistos" em meio ao forte crescimento do crédito. "O mix de crédito foi um fator positivo, mas a inadimplência na maioria das categorias segue enfraquecida sequencialmente", avaliam, em relatório ao mercado.

 

Ao reduzirem o número de calotes, os bancos também conseguiram gastar menos com inadimplência. Segundo a Austing, as despesas com provisões para devedores duvidosos (PDDs) de Bradesco, Itaú, BB e Santander totalizaram R$ 57,471 bilhões no ano passado, declínio de 7,54% em relação a 2012. "Após a crise de 2008, os bancos criaram um colchão de provisão adicional muito elevado como um controle adicional de inadimplência. Com a inadimplência em declínio, essas instituições estão podendo fazer uso desses recursos, revertendo como resultado", diz Rodrigues.

 

No Banco do Brasil, porém, as despesas com PDDs cresceram tanto no trimestre como em 2013. Esses gastos somaram R$ 15,6 bilhões ao final de dezembro, cifra 6,5% maior que a vista em um ano. Com isso, o saldo de PDDs subiu 11,6%, alcançando R$ 23,662 bilhões em 2013 ante 2012.

 

Como boa parte do esforço dos players privados em reduzir a inadimplência já foi feito no passado, a agência de classificação de riscos Moody’s vê pouco espaço para novas quedas nos calores dessas instituições em 2014 devido aos efeitos negativos do aumento da Selic em linha com a sinalização dos grandes bancos. Pesa ainda, conforme relatório da classificadora ao mercado, altos níveis de endividamento das famílias, inflação persistentemente elevada e baixo crescimento econômico do País.

 

Estadão

 

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