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Faltam trabalhadores na indústria de calçados do Sul

Um ano após a crise que eliminou 32 mil postos de trabalhos na região Sul do país, o pólo calçadista brasileiro vive hoje uma realidade às avessas: falta trabalhador para desenhar, costurar e montar o sapato brasileiro. A prorrogação da sobretaxa ao calçado chinês, em cobrar por R$ 25 (US$ 13,85) o par, já volta a trazer competitividade do produto brasileiro ao importado, em tempos de real valorizado.

Em entrevista ao R7, Francisco Santos, presidente do Grupo Couromoda e Marcio Utsch, presidente da Alpargatas – detentora das marcas Havaianas, Topper, Rainha e Timberland – o setor anda a passos largos no Brasil e o mercado de trabalho a todo o vapor.

A ascensão da classe C, a melhora de renda e o aumento do emprego formal ajudaram os brasileiros a comprar produtos mais caros e também a exigir maior qualidade dos calçados, segundo Francisco. Para esse ano, a expectativa é que o setor cresça em torno de 10%, movimentando cerca de R$ 780 milhões.

– As pessoas que perderam emprego durante a crise arranjaram outras ocupações e hoje não querem voltar ao mercado calçadista. Essa é a realidade de vários produtores de Novo Hamburgo (RS), que estão tendo que caçar profissionais no mercado.

Para a Alpargatas, o momento é de fortalecimento, já que a empresa vendeu recentemente a Locomotiva Têxtil (empresa de confecção do grupo), por R$ 43 milhões, para se concentrar no mercado de calçados, segundo Marcio Utsch.

– Queremos nos tornar referência no setor de sandálias e artigos esportivos. No ano passado, tivemos um crescimento de 87% no mercado exterior, o que só faz acreditar que esse ano será ainda melhor. O segredo do Brasil está em fortalecimento da marca.

Utsch faz críticas ao dumping do mercado chinês porque, segundo ele, tira a concorrência de mercado, ao subir com os preços dos produtos importados da China. Para ele, a consolidação do produto brasileiro frente ao importado não está somente no preço, mas no fortalecimento de um produto de qualidade, que faz com que, em alguns casos, se cobre até mais caro.

– As havaianas são vendidas a R$ 57,50 [25 euros] na Europa e as pessoas compram. Isso quer dizer que um produto nacional não precisa ser barato para ser competitivo.

Como forma de fortalecer ainda mais a marca no mercado estrangeiro, Utsch afirma que pretende abrir mais lojas na Argentina e na Espanha, além de abrir 4.500 vagas de emprego no Brasil neste ano.

Para Francisco Santos, o desafio do setor neste momento é consolidar a boa fase com uma melhora da produção para até um bilhão de pares. Para isso, será necessária a contratação de 400 mil trabalhadores nos próximos dois anos, além da formação de mão de obra em regiões como o Nordeste.

* A jornalista Giselli Souza viajou a convite do Lide – grupo de líderes empresariais.
 

G1

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