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Bolsa deve ir bem na semana, mas instabilidade não deve desaparecer

SÃO PAULO – Com stress ou sem stress, o tão esperado resultado dos testes promovidos pela Comissão Europeia com 91 instituições do continente trouxe apenas sete bancos reprovados (um na Alemanha, um na Grécia e cinco de pequeno porte na Espanha) e permitiu que o Ibovespa continuasse em trajetória ascendente, encerrando a semana com forte alta de 6,39%, a maior valorização semanal desde a primeira semana de maio de 2009.

A movimentação positiva foi ajudada também pelos resultados corporativos norte-americanos, que em grande parte, até agora, superaram as estimativas dos analistas. De acordo com a Bloomberg, das 149 empresas do S&P 500 que divulgaram seus balanços trimestrais, 85% superaram a previsão.

Assim, até mesmo a sinalização emitida pelo Fed, no discurso semestral sobre política monetária de Ben Bernanke, de que a autoridade ainda não vê necessidade de novas medidas de estímulo à economia, conforme alguns participantes do mercado antecipavam, foi ofuscada e teve impacto apenas pontual sobre as negociações.

"Nós observamos uma melhora bem interessante nesta semana, com volume maior e fluxo de investimentos positivo. Como alguns papéis ainda têm espaço para alta, há perspectiva de continuidade da trajetória positiva para semana que vem", acredita Pedro de Oliveira Franco, diretor da Oliveira Franco.

EUA em foco

No entanto, a agenda de indicadores pode, mais uma vez, minar o bom humor dos investidores. Raphael Cordeiro, analista da Omar Camargo, não acredita que os testes de estresse continuarão a ter efeito sobre as negociações ainda na próxima semana. "Não foi algo tão complexo e relevante que precise de dias para ser digerido", explica.

Por isso, o destaque ficará com indicadores econômicos que ainda serão divulgados, especialmente após quarta-feira (28). Os pedidos de bens duráveis, por exemplo, nos Estados Unidos, ganham relevância porque o reaquecimento da economia norte-americana tem se provado mais lento, e esse dado será importante para atestar a veracidade dessa percepção. Além disso, a primeira prévia do PIB do país, na sexta-feira, é relevante não só porque afere o crescimento da maior economia mundial, mas também porque espera-se poder observar em qual ritmo a recuperação está acontecendo.

Ainda na agenda norte-americana, Edgar Tamaki, estrategista da TCX, aponta o Livro Bege do Fed, no qual a autoridade monetária norte-americana, em sua opinião, deve continuar a sinalizar que o mercado de trabalho é a principal variável a ser analisada e que os bancos têm que emprestar mais para pequenos negócios, para reverter a situação de escassez de criação de empregos.

Copom trouxe alívio

No entanto, Cordeiro destaca ainda atenção para outro indicador, referente ao cenário interno e normalmente menos observado pelo mercado acionário: o IGP – M (Índice Geral de Preços – Mercado) pode trazer subsídios para confirmar a percepção de contenção da inflação no País, o que, aliado à ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), pode contribuir para projeção de trajetória mais amena da Selic.

Vale lembrar que na quarta-feira (21) passada o comitê, se não chegou a surpreender o mercado, tomou atitude que não era a mais aguardada ao elevar a taxa básica de juros do País em 50 pontos-base, diminuindo assim o ritmo do ciclo monetário iniciado em abril. Para Cordeiro, esse efeito tem sido positivo para a renda variável, já que juros mais altos sempre a prejudicam.

Vendo pouco impacto da decisão do Banco Central sobre o Ibovespa, Tamaki acredita que o mais importante serão os resultados corporativos, tanto nos EUA quanto no País. Pedro de Oliveira Franco é da mesma opinião, lembrando que especialmente em alguns setores, os balanços devem trazer números muito bons, como no setor financeiro e de consumo. Bradesco (BBDC4), Usiminas (USIM3, USIM5) e Vale (VALE3, VALE5) são algumas das empresas de destaque que irão publicar seus balanços nesta semana.

Mas volatilidade continua

Para Cordeiro, por outro lado, pelo fato de que a expectativa é otimista, apenas se as empresas forem bem sucedidas em superar as projeções dos analistas é que o impacto tenderá a ser mais relevante. "Todo mundo está otimista com balanços para o ano todo e isso já está embutido no preço", pondera.

Em um ponto os três concordam: embora a semana deva começar com tom positivo, o que pode se estender pelo restante dos pregões, a volatilidade continuará marcadamente presente, trazida pela agenda de indicadores econômicos.

 

UOL

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