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BC dos EUA decide manter taxas de juros perto de zero

 O Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) decidiu manter a taxa de juros do país próxima a zero, informou após reunião com seus membros nesta quinta-feira (17). A possível alta dos juros seria a primeira no país em quase uma década e era amplamente aguardada pelo mercado.

A justificativa para a decisão foi a existência de riscos globais que podem frear a economia. Para o Fed, a atividade econômica está expandindo a um ritmo moderado, com "sólidos ganhos no mercado de trabalho e queda no desemprego".

Sobre decidir quando elevar os juros, o Fed repetiu que quer ver "mais melhora no mercado de trabalho" e estar "razoavelmente confiante" de que a inflação vai subir.

"Os recentes eventos na economia global e financeira devem refrear a atividade econômica de alguma forma, provavelmente pressionando para baixo a inflação [dos EUA] no curto prazo", diz o órgão em comunicado.

Reação dos mercados

Logo após o anúncio da manutenção dos juros, o dólar parou de subir e passou operar com instabilidade frente ao real, mas voltou a subir e fechou a R$ 3,88, renovando a máxima em 12 anos.

 

Um aumento das taxas por lá poderia, em tese, atrair para os EUA parte dos recursos aplicados em mercados considerados menos seguros como o Brasil, o que ampliaria as incertezas locais, podendo causar forte volatilidade na moeda frente ao real.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou estável após ter oscilado entre altas e baixas. O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa, fechou aos 48.551 pontos, com ações da Petrobras e Vale em alta.

Perspectivas para a economia

A inflação continua a permanecer abaixo da meta de longo prazo do Comitê, em parte refletindo as quedas nos preços da energia, disse o Fed no anúncio desta quinta.

"A situação no exterior recomenda uma vigilância estreita", afirmou Yellen em entrevista coletiva após o término da reunião sobre a política monetária norte-americana.

As projeções de crescimento mais lento do Produto Interno Bruto (PIB), desemprego baixo e inflação ainda fraca sugerem que as preocupações com a chamada "estagnação secular" pode estar ganhando força entre as autoridades do Fed.

A média das projeções das 17 autoridades mostrou que o Fed espera que a economia cresça 2,1% este ano, ligeiramente mais rápido do que o esperado anteriormente. Entretanto, suas projeções para a expansão do PIB em 2016 e 2017 foram reduzidas.

As autoridades também veem que a inflação avançará apenas lentamente na direção da meta de 2% do Fed mesmo com o desemprego caindo menos do que o esperado. Eles agora esperam que a taxa de desemprego atinja 4,8% no próximo ano, permanecendo nesse nível por até três anos.

A trajetória projetada do Fed para a taxa de juros mudou para baixo, com a taxa de longo prazo agora estimada em 3,5%, ante 3,75% na última reunião. A votação foi um sinal de como a desaceleração econômica da China e a queda do mercado deixaram as autoridades do Fed nervosas sobre a economia mundial. Apenas o presidente do Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, foi contrário à decisão.

O Fed manteve o viés de alta dos juros ainda neste ano e reduziu sua perspectiva de longo prazo para a economia. Novas projeções mostraram que 13 das 17 autoridades do Fed ainda preveem alta dos juros ao menos uma vez em 2015, contra 15 na reunião de junho.

Quatro autoridades acreditam agora que os juros não devem ser elevados até ao menos 2016, contra dois que viam isso em junho.

Antes da decisão, os juros futuros nos Estados Unidos apontavam chance de apenas 25% de o Fed elevar a taxa, enquanto uma ligeira maioria dos economistas consultados em pesquisa Reuters previa a manutenção dos juros.

Entidades como o Banco Mundial apostavam que países emergentes, entre eles o Brasil, pudessem sofrer uma fuga de recursos e alta volatilidade em seus mercados se o Fed optasse pela elevação dos juros.

Juros perto de zero desde 2008

A taxa básica de juros dos EUA (equivalente à Selic brasileira), vem sendo mantida no piso histórico desde o final de 2008, quando foi reduzida para dar fôlego à economia norte-americana durante a crise financeira internacional. A última elevação dos juros ocorreu em junho de 2006.

Neste ano, o Fed adotou a estratégia de avaliar de reunião em reunião o momento daquela que será a primeira alta de juros desde junho de 2006, tomando a decisão baseando-se apenas no fluxo de indicadores econômicos.

A chair do Federal Reserve, Janet Yellen, tem deixado claro que preferiria adiar a alta da taxa de juros por muito tempo do que agir mais cedo e correr o risco de afetar a fraca recuperação econômica.

Efeitos para o Brasil

Para o economista especializado em administração de investimentos Marcelo d’Agosto, a volatilidade dos mercados mundiais seria o efeito mais imediato de uma possível elevação dos juros. "No Brasil ainda mais, por ser um mercado um pouco mais fragilizado, especialmente depois de perder o grau de investimento", diz.
O professor de finanças da Universidade de Stanford, Darrell Duffie, afirmou em agosto, em Campos de Jordão, que a alta dos juros nos EUA poderia beneficiar o Brasil, apesar de prejudicar mercados emergentes devido a uma fuga de recursos dos investidores.

“Há alguns benefícios, porque se a economia dos EUA é um motor de crescimento global e a alta dos juros indica que ela está melhorando, então haverá maior demanda por produtos manufaturados de países como o Brasil, que terá preços atrativos de seus produtos e poderá vender mais para essas economias”, afirmou Duffie.

 

G1

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