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Pop adolescente ganha cores e ofusca baixo astral emo

O pop rock chororô em preto-e-branco está sob ataque de uma turma fluorescente, que só quer saber de festa. Bandas como Cine, Restart, Replace e Izi estão conquistando a preferência dos adolescentes, com uma mistura de guitarras e efeitos eletrônicos.

A nova geração de roqueiros coloridos rejeita o discurso do amor idealizado e dos dramas juvenis do emocore – adotado no país por bandas como NX Zero e Fresno. A onda agora é pregar a “positividade” e “chamar pra festa” como explica DH, 23 anos, o vocalista do Cine.

“A gente também fala de amor nas músicas, mas não na linha ‘te amo, quero viver com você pra sempre’. A gente diz ‘te amo, quero te pegar na balada hoje’”, avalia o neogalã, autor do hit “Garota radical” (“Vem ser só minha / Vai ser você / Aposto um beijo que você me quer”, diz a letra). “É uma coisa meio Cazuza de ‘amor inventado’, que reflete como a galera da nossa idade se comporta. É o amor da festa de hoje à noite. Amanhã a gente inventa outro”, completa.

Essa euforia toda se reflete no visual dos sucessores do emo. No lugar da estética dark, a paleta de cores dos tênis e dos jeans e camisetas justinhas é variada e exagerada: inclui amarelos, verdes, laranjas, roxos, vermelhos, lilás, azuis… Tudo ao mesmo tempo agora.

“As cores têm a ver com o astral do nosso som”, explica Pelu, 19, guitarra e vocal do Restart.
Acessórios como tênis de cano alto e óculos gigantes com aros com tons berrantes completam o estilo da turma, que já foi assimilado pelos fãs – inclusive os da seara vizinha. “Você encontra meninos e meninas de calça amarela e roxa não só nos nossos shows, mas também nos do NX Zero e da Fresno”, garante Pelu.

De olho na tendência, grifes já pegam carona no sucesso dos roqueiros coloridos. Marcas de roupas e acessórios vestem os rapazes do Cine e do Replace – outro grupo que já ganha o onipresente coraçãozinho feito com as mãos, forma de demonstração de afeto dos teens.

 

Efeito Cher

Os coloridos citam em uníssono as bandas gringas de pop punk das quais são fãs: Blink 182, Green Day e Paramore. Mas a cartilha que seguem é a de grupos menos conhecidos como Cobra Starship e Forever the Sickest Kids, que adicionam às guitarras pesadas alguns clichês da música eletrônica como sintetizadores e auto-tune – efeito de voz que a cantora Cher lançou e eternizou em “Believe”. “Não é algo muito comum no rock, rola um preconceito”, opina Pe Lanza, 17, do Restart.

Ainda assim, palavras como “rebole”, “dance” e “pule” fazem parte da receita das composições das bandas, todas nascidas na capital paulista. “Esse convite pra festa aproxima a gente da galera que curte funk carioca e axé. Temos muitos fãs na Bahia e no Rio”, diz DH, do Cine.

Sucesso na web

Se num passado recente as boy bands saíam dos laboratórios das gravadoras direto para rádios e programas de TV jovens, hoje é a internet que faz essa ponte. Twitter, MySpace e Orkut servem de plataforma de divulgação dos novos ídolos pop.

Ainda sem disco, o Replace soltou em seu site oficial o videoclipe caseiro “Ponto de paz” em fevereiro e, no boca-a-boca virtual, já chegou à marca do 320 mil acessos.

Já o Restart, que lançou seu primeiro disco por gravadora independente, emplacou a faixa “Levo comigo” entre as 15 mais tocadas nas rádios do país.

“Recebemos propostas de três gravadoras e não fechamos. E nem estamos ansiosos pra isso”, garante Beto, 23, vocalista do Replace. “Conversamos com outras bandas e eles dizem que nem é tanta vantagem assim assinar com gravadora. Estamos faturando com shows.”

A conversa com os fãs é feita de forma direta, na rede. “Tento responder todos os recados que recebo no fotolog. Já sei quando algum dos fãs tem prova, quando outro está resfriado”, conta Annah, líder da Izi, mais uma banda colorida em ascensão na cena.

E o objetivo dessa turma é chegar longe. “A gente quer tocar no Faustão. Ser mesmo a maior banda do Brasil”, diz Beto, do Replace.

 

G1

 

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