Aqueles desenhos coloridos que volta e meia aparecem no muro de alguma rua cinzenta da cidade – para deixá-la (geralmente) mais interessante – não se chamam mais ‘grafite’. Seu nome agora é ‘nova arte pública’. Não quer dizer que os grafiteiros passaram a sair por aí dizendo que são ‘novos artistas públicos’, é verdade. Mas esse foi o jeito que a turma da arte achou para se referir a um conjunto de trabalhos que incorpora técnicas variadas, tem estilo apurado e se relaciona tanto com o passado do grafite quanto com a pintura tradicional.
Este ‘muralismo’ – representado por nomes como Osgemeos, Titi Freak, Zezão, Speto, Daniel Melim, Stephan Doitschinoff, Nunca, Ramon Martins e Onesto – vive um de seus melhores momentos, que coincide também com o início do processo de profissionalização da atividade. É uma mudança de perspectiva: no ano passado, a Lei Cidade Limpa levou a Prefeitura a cobrir de tinta cinza várias destas obras – o que reeditou um confronto com os artistas que se repete desde os anos 70.
Depois disso, porém, os dois lados entraram em um acordo e ficou definido que os grafites não seriam mais apagados. Aproveitamos que hoje, 27, é o Dia do Grafite e ‘grafitamos’ nossas páginas com vários destes trabalhos – quase todos recentes. Para vê-los ao vivo, basta circular pela cidade com olhos atentos.
Para os artistas, a data não tem grande importância – até porque a arte de rua não costuma se ater a formalidades. Ainda assim, o dia 27 de março relembra a obra de Alex Vallauri, que morreu em 1987 e ainda é considerado um dos principais precursores da arte urbana no Brasil.
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