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Comunidade quilombola no Sertão da Paraíba é reconhecida pelo Incra

No Dia da Consciência Negra, a comunidade quilombola Pitombeira, uma área de aproximadamente 354 hectares, localizada no município de Várzea, na região do Sertão da Paraíba, foi reconhecida pelo Incra. O documento foi divulgado na edição do Diário Oficial da União (DOU).

A divulgação simboliza a finalização da fase de identificação dos limites do território quilombola, onde vivem cerca de 80 famílias. A próxima etapa é o decreto de desapropriação de imóveis inseridos no período, que deverá ser assinado pelo presidente da República.

A ação de regularização deve ser encerrada com a titulação em nome da comunidade por meio de um documento coletivo e indivisível. De acordo com o Incra, os títulos garantem a posse da terra, além de acesso a políticas públicas como educação, saúde e financiamentos.

Localizada a cerca de 275 quilômetros de João Pessoa, a comunidade Pitombeira teve origem, de acordo com dados de relatório antropológico, com quatro ex-escravizados, identificados como Inácio Félix, Severino, Simplício e Gonçalo Fogo, que se estabeleceram naquela localidade com suas mulheres na segunda metade do século XIX. O nome Pitombeira faz referência a um grande pé de pitomba que encontraram no local, e que se tornou referência para o estabelecimento de suas posses.

Outro quilombo no Ingá – O Quilombo Pedra D’água, situado no município de Ingá, comemorou nesta segunda-feira, 20, o Dia da Consciência Negra. O evento contou com a participação de professores das Universidades Estadual da Paraíba (UEPB) e da Federal de Campina Grande (UFCG), além de Escolas da cidade sede e de Mogeiro, pessoas ligadas aos fundadores do quilombo também se fizeram presentes e falaram sobre a fundação e a ligação com a Revolução Quebra Quilos.

O professor da UFCG, doutor Luciano Mendonça de Lima, ministrou palestra no evento com o tema, o olhar acadêmico: formação e resistência do Quebra Quilos ao Pedra D’água, por sua vez, a professora doutora Cristiane Nepomuceno falou sobre as políticas públicas voltas para a educação do povo quilombola a partir do Estatuto da Igualdade Racial.

Em sua fala, o professor Luciano Mendonça disse que as comunidades quilombolas se estabeleceram no Brasil para oferecer resistência à opressão e a exploração dos portugueses no final do século XIX. Doutor Mendonça, destacou que é de grande importância a universidade sair das quatro paredes para interagir com o povo, em todas as áreas do conhecimento, das ciências exatas até as ciências sociais, para que através dessa interação se busque alternativas por direitos e melhores condições de vida em termos de propriedade da terra e de serviços e políticas públicas para esse povo invisível e esquecido.

A segunda palestrante do evento, a professora doutora Cristiane Nepomuceno (UEPB), enfatizou em sua fala a importância da universidade dialogar com as comunidades quilombolas, mostrando a elas que é necessário se organizar e cobrar direitos que lhes são negados, Cristiane Nepomuceno, disse ainda, que a população brasileira já é segundo o último censo (2022), majoritariamente preta e parda, representando 56% dos brasileiros. A professora através de números, mostrou que historicamente o Brasil vem negando a essa grande parte da população, direitos básicos, como o acesso à terra, à moradia e a saúde e educação, sem contar que são colocadas em locais periféricos, fazendo com que vivam em constante vulnerabilidade social.

João Tavares Neto, organizador do evento, comentou que enquanto professor e militante saiu com a sensação de dever cumprido neste dia da Consciência Negra, pois, a discussão feita e realizada é uma marca para que sobretudo as novas gerações tenham conhecimento, pertencimento e orgulho das suas origens.

“A capacidade de resistência e luta desse povo marginalizado vai se dando e ficando cada vez mais forte porque aos poucos ele vai se apercebendo a exclusão que o Estado brasileiro impõe a ele, no entanto, isso não é motivo para desistência e sim, para organização em busca de condições dignas de sobrevivência, assim tem sido a luta dos quilombos”, pontuou Tavares Neto.

Redação

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